O horário de funcionamento estendido imposto pelo Itaú, além de atrapalhar a rotina dos bancários, também gera insegurança. Faltando pouco tempo para o fechamento da unidade que fica no shopping Aricanduva, zona leste de São Paulo, ladrões invadiram o local e renderam vigilantes e funcionários do banco, que agora estão apreensivos e traumatizados com a violência.
O assalto ocorreu na última quinta-feira 8, pouco antes das 20h. Os trabalhadores foram mantidos reféns e os assaltantes mostraram fotos das residências tanto dos vigilantes, quanto dos bancários.
“Eles ameaçaram as famílias das vítimas, informando que outros bandidos estavam em frente às casas deles, aterrorizando os trabalhadores”, relatou o diretor do Sindicato, Sergio Lopes, o Serginho.
O dirigente sindical relata que no mesmo shopping mais duas agências atendem no mesmo horário. “Os trabalhadores estão apavorados, apreensivos, alguns já pediram para ser transferidos para agências que funcionam no horário normal, das 10h às 16h”, conta Serginho.
Foi cobrada do banco a emissão da Comunicação de Acidente no Trabalho (CAT). “Exigimos o documento, pois é direito do funcionário, que pode desenvolver transtornos psicológicos e problemas de saúde por conta da situação de pânico vivida no assalto. Esse trabalhador terá dificuldade de comprovar no INSS, caso precise de afastamento, que o problema foi causado por um acidente de trabalho. Queremos que o Itaú se responsabilize.”
O Sindicato está acompanhando o caso por meio de visitas no local de trabalho para saber como os funcionários estão. “Todos estão abalados pelo assalto”, afirma Serginho.
“Somos contra o horário estendido nas agências e manifestamos isso desde o início da alteração, fizemos protestos, reuniões com a direção do banco, e, agora, durante a Campanha 2013, exigimos na pauta de reivindicação mais segurança e proibição do porte das chaves de cofres e agências por bancários”, conclui o dirigente sindical.
Descaso
Na primeira rodada de negociação da Campanha 2013, os temas saúde, condições de trabalho e segurança foram debatidos com afinco e seriedade por parte do Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, mas não se pode dizer o mesmo por parte dos representantes dos bancos.
No segundo dia de debate, na sexta-feira 9, o negociador da federação os bancos (Fenaban), Magnus Apostólico, sugeriu que os trabalhadores busquem a via judicial para reparar eventuais danos psicológicos, físicos ou mesmo financeiros que venham a ter em função do adoecimento causado pelos sequestros ou assaltos violentos aos bancos.
A categoria reivindica o pagamento dos gastos com medicamentos necessários ao atendimento médico/psicológico de vítimas desses casos, assim como a estabilidade no emprego. “Queremos resolver o problema desses trabalhadores na mesa de negociação, mas os bancos deixaram claro que preferem resolver judicialmente. Não concordamos”, relata a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.