A Volkswagen aceitou poupar seus funcionários na Alemanha dos e-mails que chegavam via BlackBerry fora do horário de expediente. A maior montadora da Europa e representantes dos funcionários chegaram ao acordo de desativar a função de e-mail durante a noite, disse um porta-voz da empresa, confirmando a notícia de um jornal alemão.
Os funcionários só receberão e-mails até meia hora antes ou depois do horário de trabalho, mas ainda poderão receber e fazer telefonemas.
O membro do conselho dos trabalhadores Heinz-Joachim Thust disse ao jornal “Wolfsburger Allgemeine Zeitung” nesta semana que 1.154 sindicalizados de seis fábricas da Volkswagen na Alemanha usam smartphone que a companhia forneceu.
A representação se opôs à expectativa de que os funcionários fiquem acessíveis o tempo todo, sob o risco de síndromes psicológicas que, segundo estudos, causam 10 milhões de dispensas médicas por ano.
Até agora, a decisão de interromper os e-mails à noite foi muito positiva, disse Thust ao jornal.
“O acordo foi recebido muito positivamente”, disse Heinz-Joachim Thus, que integra o conselho de trabalhadores da empresa, ao jornal Wolfsburger Allgemeine.
TEMPO LIVRE
A medida ocorre depois que o executivo-chefe da multinacional de tecnologia da informação Atos, Thierry Breton, resolveu banir e-mails corporativos na empresa, com a justificativa de que
seus funcionários gastavam muito tempo de suas vidas com mensagens inúteis de trabalho, tanto no escritório quanto em casa.
No mês passado, a fabricante de produtos de limpeza e higiene alemã Henkel também declarou uma “anistia” a seus funcionários entre o Natal e o ano-novo, dizendo que e-mails internos devem ser enviados somente em casos de emergência.
Analistas de negócios dizem que essas medidas refletem a conscientização das empresas a respeito de um problema.
“É ruim para a performance individual do trabalhador estar online e disponível 24 horas por dia, sete dias na semana. É preciso ter períodos de baixa, é preciso ter períodos nos quais se possa refletir de verdade sobre algo sem precisar instantaneamente ter uma reação”, diz Will Hutton, da consultoria The Work Foundation.
“Em segundo lugar, isto tem um impacto ruim sobre o bem-estar do indivíduo. Acho que as pessoas devem ter em mente, com clareza, a linha que divide o trabalho e o não-trabalho”, afirma Hutton.
“Então posso ver porque algumas empresas estão tomando esta atitude. O problema é que uma resposta universal para isto é impossível, mas certamente nós devemos ter a capacidade de optar por não participar disso.”
CONSULTAS
Autoridades sindicais do Reino Unido alertam às empresas para que evitem repetir a medida da Volkswagen sem realizar consultas prévias.
“A questão dos trabalhadores usando Blackberrys, computadores e outros aparelhos fora do período de trabalho e durante o período de descanso é crescente e que precisa ser administrada, pois ela pode ser uma fonte de estresse”, afirma o secretário-geral da central sindical TUC.
“No entanto, outras organizações necessitarão de soluções diferentes, e o que funciona na VW pode não funcionar em outros lugares”, diz.
“Por trabalhar em parceria com o sindicato, a política da Volkswagen terá o apoio de todos os seus funcionários. Quando os empregados simplesmente apresentam políticas próprias, por mais bem intencionadas que elas sejam, elas dificilmente terão sucesso.”