(São Paulo) O banco ABN/Real deve lançar ainda este mês sua proposta para o Programa de Participação nos Resultados (PPR) de 2007. Os bancários estão preocupados, porque a intenção do banco é implantar o PPR no mês que vem, com pagamento para o dia 25 de agosto. Além disso, a proposta foi elaborada unilateralmente pelo banco, sem discussão com os representantes legítimos dos trabalhadores, uma vez qeu o banco insiste em indicar os bancários que participarão das negociações. Nesta quinta-feira, dia 19, o banco apresentará sua proposta fechada para estes representantes indicados.
“Queremos uma valorização dos trabalhadores que estão entre os grades 2 a 11, e que representam a ampla maioria dos funcionários do ABN/Real. Se um dos valores corporativos do banco é o trabalho de equipe, então todos devem ser valorizados e não apenas alguns funcionários”, afirma Marcelo Gonçalves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do ABN/Real.
Segundo ele, não faltam argumentos e justificativas para a mudança no programa: “os lucros e os resultados do banco aumentaram espetacularmente em 2006, fruto da dedicação, do empenho e do profissionalismo dos bancários. Mas, até hoje, o PPR não aumentou na mesma proporção, para a grande maioria dos funcionários”, diz.
Um exemplo é o PPR de 2006, que concentrou o pagamento de 70% dos R$ 364 milhões para menos de 28% dos funcionários. Por isso, a Contraf-CUT insiste na necessidade de alteração do programa de 2007, contemplando assim, todos os funcionários, principalmente para aqueles com grades de 2 a 11.
“O problema é que o banco só convocou a reunião desta quinta com o movimento sindical com três dias de antecedência. E ainda é o ABN que indicará, novamente, as pessoas que representarão todos os trabalhadores do Real e Sudameris, recusando-se assim, a realizar eleições diretas para a Comissão dos Funcionários que discutirá o PPR 2007”, reclama Marcelo.
Os sindicatos estão insistindo há mais de seis anos para que os representantes dos trabalhadores sejam escolhidos pelos próprios bancários, em eleições diretas e democráticas. “Não é possível que em pleno século 21 o ABN indique os nomes que representarão os trabalhadores. Por isso, propomos ao banco que não se discuta o PPR 2007 antes da negociação com os sindicatos. Isto seria muito ruim para todos os envolvidos no processo. Até hoje, os acordos de PPR 2005 e 2006 não foram aprovados e, muito menos, assinados pelos sindicatos, pois não houve processo de negociação e discussão sobre o pagamento dos valores dos referidos planos, o que deixa o ABN sujeito a autuação e multa pela Receita Federal e o INSS", destaca Marcelo.
Diálogo para o PPR 2007
Como alternativa para a eleição da comissão de funcionários, a Contraf-CUT exige um acordo coletivo entre o banco e os sindicatos, como também prevê a lei ordinária 10.101/2000. “Propomos ao ABN o acordo coletivo para garantir o respeito ao direito à negociação e ao diálogo, pois sabemos que não há mais tempo para a eleição de uma comissão" afirma Marcelo.
“Se o próprio banco chama a comissão que discute o PPR de ‘Comissão de Negociação’, então é preciso garantir um processo, que de fato, discuta propostas, e não uma comissão para apenas referendar o que foi apresentado pela empresa. Até hoje o ABN não alterou significativamente o programa, apesar de inúmeras reivindicações e propostas apresentadas pelos bancários. E negociação pressupõe diversas reuniões da comissão, consultas aos trabalhadores, discussão e, com isto, uma conclusão de uma proposta de PPR. Negociação pressupõe um acordo de PPR, entre trabalhadores e empresa, e não a imposição da vontade do banco, de forma unilateral”, conclui Marcelo.
Pauta de reivindicações de 2006
Além do PPR 2007, os bancários do ABN também querem negociar outras reivindicações (emprego, salários, convênio médico, saúde e condições de trabalho). A pauta dos trabalhadores já foi apresentada desde 2006 ao banco e, até o momento, não se chegou a uma conclusão ou a um acordo efetivo de trabalho.
Fonte: Contraf-CUT, com informações o Seeb SP