(São Paulo) Segundo reportagem da Folha de S. Paulo deste domingo, dia 16, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado no fim de semana em Madri, na Espanha, que o Santander fechou a compra do ABN/Amro, o banco holandês que, no Brasil, é dono do Real. A reunião de Lula com a direção do Santander rapidamente se espalhou e ganhou a grande imprensa. Entretanto, não há nenhuma novidade na notícia, já que a própria Contraf-CUT reuniu-se com o presidente Lula para informar sobre a venda do ABN ao Santander.
No dia 1º de setembro, diretores da Confederação estiveram no 3º Congresso do Partido dos Trabalhadores e entregaram nas mãos do presidente Lula um dossiê sobre a venda do ABN Amro. O presidente (e a seu assessor, Gilberto Carvalho) foi informado de que os 54 mil bancários do Real e do Santander estão ameaçados de demissão no Brasil. O Santander (através do consórcio de bancos) anunciou 19 mil demissões no mundo.
“Lula perdeu uma ótima chance de se pronunciar em defesa dos trabalhadores, agora que se reuniu com o Santander. O presidente precisa entrar neste debate e defender o elo mais fraco desta mega operação bancária, que somos nós, trabalhadores do Brasil. Pois, na Europa já existem acordos e legislações de proteção do emprego frente a fusões e aquisições”, afirma Deise Recoaro, diretora da Contraf-CUT.
“Na semana que vem, de 24 a 28 de setembro, a Contraf-CUT e os sindicatos filiados vão até Brasília para uma série de audiências com autoridades dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Queremos apoio do poder público nesta luta dos bancários e a adesão do presidente Lula é fundamental para nós. São 54 mil empregos em jogo e não podemos aceitar demissões no sistema financeiro nacional, que é o setor da economia brasileira mais lucrativo”, destaca Marcelo Gonçalves, coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do ABN.
Na Folha de S. Paulo desta segunda-feira, Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, diz que apesar do desempenho do ABN no Brasil, a venda trará demissões. “Haverá sobreposição de agências e de equipes em São Paulo, diferentemente do que ocorreria se o negócio fosse fechado com o Barclays”, disse.
“Sabemos muito bem o que ocorreu com o Banespa quando foi privatizado e vendido para o banco Santander. O desemprego sempre se abate sobre a categoria quando há fusões e aquisições no sistema financeiro nacional. Por isso estamos preocupados e na luta para que este negócio não prejudique às milhares de famílias que dependem dos bancários no ABN/Real ou Santander para ganhar seu sustento”, finaliza Deise Recoaro.
Fonte: Contraf