ABN se compromete em rever abuso contra sa£de

(São Paulo) Em negociação na última quarta-feira com representantes da Contraf-CUT, FETEC/CUT-SP e Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a direção do ABN Real se comprometeu em rever os casos listados pelas entidades sindicais, de desrespeitos aos direitos trabalhistas e à ética médica, depois de duas rodadas de diálogos sem qualquer avanço, uma em janeiro e outra em março.

 

Durante essa terceira conversa, que contou com a assessoria do advogado especialista em ST e professor titular da USP, Antonio José de Arruda Rebouças, as lideranças sindicais fizeram uma árdua crítica contra as práticas adotadas pelo banco contra bancários com afastamentos médicos decorrentes de doença do trabalho.

Foram citadas pressões para que esses trabalhadores retornem às suas funções. Para tanto, o departamento de RH do ABN Real está rejeitando atestados médicos, oriundos da rede conveniada de assistência médica, com solicitação de afastamentos a bancários com agravos à saúde. Na seqüência, esses bancários são encaminhados aos médicos do próprio ABN Real que, por sua vez, concedem novo laudo como ‘apto ao trabalho’, colocando em risco qualquer forma de reabilitação.

As entidades sindicais também citaram ocorrências de assédio moral contra funcionários que retornaram às suas atividades mediante a alta programada do INSS. “A grande maioria desses trabalhadores, durante o intervalo entre a alta e a nova perícia do INSS, ficou com suas funções esvaziadas ou chegaram a ser isolados com a clara intenção de forçar um pedido de demissão”, explica o diretor da FETEC SP, Gutemberg de Souza Oliveira.

Outras táticas que vêm sendo utilizadas pelo banco são aplicações de faltas ao bancário que não se rendeu às pressões para retornar ao trabalho ou suspensão de antecipação salarial em fragrante desrespeito à Convenção Coletiva da categoria bancária. “Além de cercear direitos do trabalhador, como o de ter acesso ao INSS e de se tratar, há um sério comprometimento da ética médica por parte dos profissionais que integram a área ocupacional do banco”, ressalta Gutemberg.

Na avaliação do dirigente, o papel do médico da empresa não é dar o crivo a relatórios e atestados anteriores. Mas sim desenvolver políticas de prevenção de agravos à saúde dos funcionários.

Com o compromisso do banco firmado durante a negociação, de rever os casos apresentados, o dirigente da FETEC SP espera novas posturas por parte do ABN Real. “Até agora, o banco vem condicionando a saúde de seus funcionários aos interesses econômicos, agredindo o que há de mais valoroso, que é a saúde e o bem-estar do trabalhador com reflexos negativos sobre as famílias. A partir dessa conversa, esperamos que o banco passe a cumprir não apenas seu dever legal, mas também humano”.

Nova negociação está agendada para a próxima quarta-feira, 07 de junho, em São Paulo.

Fonte: Lucimar Cruz Beraldo – Fetec SP

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