(São Paulo) Nesta terça-feira, o consórcio formado pelos bancos Santander, Royal Bank of Scotland (RBS) e Fortis apresentou proposta de compra do ABN Amro no valor de € 71 bilhões no total (cerca de US$ 95 bilhões, R$ 184,6 bilhões). O valor por ação seria € 38,40 (US$ 51, ou R$ 99,09, na cotação de segunda-feira). A proposta é 13,7% maior do que a do banco britânico Barclays, até então a maior já apresentada no sistema financeiro mundial.
Apesar disso, a oferta ficou abaixo do prometido em maio (€ 39, ou US$ 52 por ação). A forma de levantar os recursos será feita por ampliações de capital, mas depende da rejeição, por parte dos acionistas do ABN Amro, do acordo de venda do LaSalle ao Bank of America.
Do valor oferecido por ação, 79% seria em dinheiro e o restante em ações do RBS. No entanto, até a definição do processo judicial sobre a filial norte-americana € 1 (US$ 1,34) até a resolução do litígio com o Bank of America, que tenta controlar a filial americana LaSalle.
Embora aprovada em abril pela diretoria do ABN Amro, não há certeza de que a oferta do Barclays será vencedora. Ainda assim, ambas as possibilidades, se confirmadas, superam a compra do Citigroup pelo Travelers, por US$ 72,56 bilhões em 1998.
Divisão do bolo
O Santander entra na oferta com a menor proporção de recursos, € 19,9 bilhões (US$ 27 bilhões). Se a proposta for aceita, o banco espanhol ficará com as atividades do ABN no Brasil, onde o destaque é o Banco Real. O Antonveneta, na Itália, e o Interbank, unidade de financiamento ao consumo na Holanda, também vão para o grupo espanhol. Além disso, vai adquirir o negócio de capital de risco do ABN, assim como as suas participações no Capitalia, Saudi Hollandi e Prime Bank. Este, mais tarde, deverá ser negociado por cerca de € 1,1 bilhão.
O RBS, responsável por € 27,2 bilhões (US$ 36 bilhões) assumiria os negócios na América do Norte. Negociado em separado com o Bank of America na hipótese de o Barclays ser o comprador, o americano LaSalle ficaria com o RBS se a proposta do consórcio for a vencedora. Os bancos atacadistas e os negócios na Ásia e Europa também seriam incluídos, bem como a área de clientes globais e de bancos atacadistas na Holanda e na América Latina (menos o Brasil). Na Ásia, com exceção do Saudi Hollandi, e Europa, excluindo o italiano Antonveneta, tudo estaria nas mãos do RBS.
O Fortis, dono de € 24 bilhões (US$ 32 bilhões) de participação, estariam reservados os bancos no varejo da Holanda, com a unidade de Clientes Privados Globais e com a Gestão de Ativos global.
Emprego
O consórcio não informou sobre eventuais cortes de postos de trabalho no caso de concretização da compra. Mas deixou claro que será menor que os 12.800 empregos que o Barclays pretende eliminar. O risco para o Brasil, no entanto, é maior, já que haveria sobreposição de postos entre o Santander e os bancos brasileiros ligados ao ABN, Real e Sudameris.
Nessa hipótese, o Santander se tornaria o segundo maior banco brasileiro em depósitos, o terceiro em escritórios e créditos, e o quarto em receita, controlando 12% do mercado brasileiro (16% no Sul e Sudeste).
“Estamos acompanhando de perto toda esta negociação envolvendo o ABN e queremos que a garantia do emprego faça parte de um eventual negócio. Nós, bancários, conhecemos bem os resultados das fusões e aquisições no sistema financeiro nacional. Não vamos admitir mais demissões e fechamento de postos de trabalho”, afirmou Ricardo Jacques, diretor da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT