A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, ressaltou a importância da união dos trabalhadores na abertura unificada. “Fico feliz de ver aqui bancários da Caixa e do Banco do Brasil, com diversas expressões e sotaques de todo o país. Feliz também porque os planos de resistência que tirarmos aqui chegarão a todos os cantos do país”, disse.
“Os bancários e bancárias esperam que a gente saia daqui unidos e com um plano de defesa do Brasil, dos empregados, dos funcionários e de defesa dos bancos públicos. Mas, temos que sair daqui com tudo isso, mas também com um plano de defesa do que estes bancos representam para o país. Um plano que defenda a manutenção das políticas que estes bancos realizam. Uma defesa das políticas que atendem as necessidades dos brasileiros”, ressaltou a presidenta da Contraf-CUT.
Ela destacou ainda a importância dos bancos públicos para a disponibilização dos serviços bancários à população brasileira. “Em cerca de 950 municípios do país, só tem agências da Caixa e do Banco do Brasil. Quando uma agência dessas é assaltada e precisa ficar fechada, as pessoas precisam se deslocar até uma cidade onde tenha agência. As pessoas sacam o dinheiro e consomem nessas cidades. Isso prejudica a economia dos municípios que não têm agências bancarias”, explicou.
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, reforçou que o governo, a cada dia, tenta tirar um pouco dos brasileiros e ferir a democracia. “O Brasil tem perdido muito da sua soberania, principalmente os bancos públicos. O governo defende que o que é público é ruim. Precisamos desconstruir isso. É a mesma coisa que fizeram na década de 90 e hoje vemos o que aconteceu com a privatização da Vale. Hoje ela está matando pessoas atrás de lucros. Privatizaram também as nossas empresas de energia elétrica e hoje sabemos quanto ficou o preço disso”, lembrou.
Para Ivone, a Caixa e o BB sofrem hoje o mesmo ataque. “Nossos debates tem que nos possibilitar a criação de estratégias para mostrar que a questão vai além dos bancos públicos. Trata-se da disputa de um projeto de sociedade que vamos deixar para os nossos filhos e nossos netos”, afirmou.
A solenidade também contou com a presença da deputada federal Erika Kokay (PT-DF). “Nós já enfrentamos muitos desafios nessa história, nesse decorrer da vida e nós estamos vendo o retorno de períodos traumáticos que nós não fizemos o luto, que estão vivos na nossa memória. E são pedaços que vamos ter que enfrentar.”
De acordo com a deputada, nós estamos vivenciando um governo que abriu mão de ter um projeto de desenvolvimento nacional, abriu mão da soberania nacional e só o fez porquê estamos com uma democracia fragilizada, desde 2016, que deixou nossa democracia exposta. “Por isso, resistir é o caminho. Esse Brasil tem história. Esse Brasil tem um banco que o nome já diz é o Banco do Brasil. Esse Brasil tem a Caixa que financiou as cartas de alforrias. Uma Caixa que começou com uma caixa de assistência e se tornou um dos principais financiadores do povo brasileiro. Eles querem acabar com esses bancos que são nossos, que são do povo.”
Érica Kokay garantiu que, apesar das muitas ameaças que os trabalhadores estão sofrendo, a classe trabalhadora irá vencer. “Nós estamos enfrentando um governo que acha que a educação é inimiga do povo. Mas nós vamos preservar nossas instituições, porque nós somos a resistência. A resistência desses dois congressos é uma resistência que eles não suportam porque aqui ninguém vai soltar a mão de ninguém. Fora Bolsonaro, não toque na Caixa e não toque no Banco do Brasil, não toque dos direitos dos trabalhadores.”
Segundo o deputado federal José Carlos (PT-MA), nunca o povo brasileiro passou por uma ameaça tão grave como a deste momento. “Nem durante o governo FHC, que estava preparando a privatização da Caixa, passamos por um momento tão grave quanto agora. Não era tão grave porque não tínhamos um presidente tão louco, como temos agora. Podemos esperar qualquer coisa deles. Eles já aprenderam que preciso pressa para fazer o que querem fazer. Um presidente que diz e desdiz. Diz que não vai privatizar a Caixa, mas a está vendendo de forma fatiada. Um presidente que abriu a possibilidade de o trabalhador sacar R$ 500 do FGTS, sem que o trabalhador saiba que, se sacar os R$ 500 e for demitido em um período de 25 meses, não poderá sacar seu FGTS.”
Para o deputado, a luta agora é conscientizar o povo sobre a realidade da proposta de saque do FGTS, conscientizar que esse governo quer privatizar a Caixa, o BB, os Correios, a Eletronorte, o BNDES. “Todos sabemos quem vai pagar essa conta. É o povo brasileiro.”
O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Wagner Nascimento, ressaltou que o 30º CNFBB é um congresso histórico, mas também de organização. “Esse congresso entra para a história como o 30º Congresso Nacional dos Funcionários do BB – Olivan Faustino. Temos que sair daqui com bandeiras e um calendário de lutas contra a privatização e a política de desmonte do Banco do Brasil e de todos os bancos públicos”.
Dionísio Reis, coordenador da Comissão de Empregados da Caixa Econômica Federal, saudou todos os companheiros da mesa e reafirmou a importância dos bancos públicos. “Precisamos estar preparados para fazer a resistência. Ultimamente, temos organizado audiências públicas no país inteiro e precisamos mostrar a importância dessa luta para as pessoas. A maioria dos trabalhadores vão entrar na Caixa nos próximos dias devido a retirada do FGTS. Por isso, precisamos mostrar para a sociedade que o patrimônio público vale mais do que 500 reais. Esse valor vai ajudar a pagar uma dívida, mas vai desmontar um patrimônio que tem muito mais valor para os brasileiros”, explicou.
Jair Ferreira, presidente da Fenae, contou que todos os embates já vividos pela categoria a tornou ainda mais forte. “A gente já fez congressos da Caixa que tínhamos centenas de demitidos, na época Collor, por exemplo. Mas, a gente resistiu. Os trabalhadores foram reintegrados e continuamos. A conjuntura atual vai carecer de gente com muita determinação e resistência. Estamos num momento que precisamos atuar em conjunto com as entidades e forças políticas, pois sabemos que com certeza vamos passar turbulência. Não tenho dúvidas da nossa missão: defender os trabalhadores, os direitos, a democracia e a soberania nacional.”
Paula Goto, diretora eleita da Previ, disse que o que a alegra é rever as mesmas pessoas que estavam no primeiro congresso que participou, há 20 anos. “É ver que nós não desistimos. Me alegra ainda mais ver novas caras, pela renovação. É assim que a gente vai conseguir continuar lutando na defesa dos nossos direitos e na conquista de novos. Temos que defender tudo que é estratégico e tudo que é valoroso na luta contra esse governo.”
Raimundo Bonfim, um dos coordenadores nacionais da Central de Movimentos Populares, lembrou que o Brasil passa por um momento muito difícil com o desmonte de todas as políticas sociais e habitacionais pelo governo federal. “Existe ainda uma perseguição política com os nossos militantes. Por isso, precisamos derrubar esta frente. Não é momento de desespero, mas precisamos nos unir para combater esse desmonte dos movimentos sociais.”
Para Luciana Banho, da Fetrafi MG, esse é um congresso que acontece num dos piores movimentos que o país já viveu. “Falamos muito de conquistar mentes e corações e temos um desafio muito grande nesse momento. Como humanos que somos, muitas vezes somos pegos por sentimentos de desanimo e desesperança e é isso que eles querem. Não podemos deixar isso acontecer. Esse evento mostra que seguimos forte, seguimos na luta, somos resistência e continuaremos sendo. Não vai ser meia dúzia de fascistas que vão descontruir tudo o que construímos nesses anos. Que a gente saia daqui renovados, com garra, luta para de fato conquistar corações.
Antes de convocar o representante da CBT, a coordenador da mesa Juvandia Moreira, chamou uma homenagem a Olivan Faustino, dirigente sindical bancário que faleceu na quarta-feira (31).
Emanuel Jesus disse que a única forma de homenageá-lo é seguindo a luta. “As teses da CTB trazidas para os dois eventos tem duas palavras que se repetem constantemente: Unidade e frente ampla. Para encarar essa realidade sui generis que estamos passando vai exigir unidade e frente ampla. A frente ampla se concretiza a cada momento, a cada luta. Fazer uma frente ampla não significa uma aliança permanente, mas uma união para enfrentar problemas momentâneos. Continuamos em frente, rumo a vitória.”
Danilo Funke, representante da Fretrafi RJ/ES, disse que não é segredo para ninguém que o interesse deste governo é entregar todo nosso patrimônio e bancos públicos para o capital provado. “Tem que fazer nosso meia culpa e reconhecer onde falhamos para que este governo fascista esteja aí. Temos que melhorar nossa comunicação com a base e com a sociedade para derrotar esse governo fascista que está aí.”
Carlos Augusto Silva (Pipoca), da Seeb Campinas, avaliou que vivemos num mundo cujo o Capital manipula a mídia, o governo e a sociedade. “Houve um momento em que a América Latina se avermelhou. Mas, com a força dos Estados Unidos, houve a volta do retrocesso, e da exploração. Não vamos conseguir sobrepor essa realidade se agirmos isolados. Nossa ação também precisa ser global. Temos que nos unir para criar condições de construir uma nova era.”
Edson Hennemann, da Fetraf-SC, acredita no poder da realização de um evento como esse, de juntar os trabalhadores dos maiores bancos do país. “Essa é a 35ª edição do Conecef e 30ª do BB e podemos contar com a participação de pessoas que estão na luta desde sempre e também de jovens, que vieram pela primeira ou segunda vez. Eu quero ver a Caixa viva daqui mais 35 anos e ver essa luta e movimento vivo e forte. Que sirva de exemplo para a juventude e que voltem para os seus trabalhos entusiasmados e acreditem que tudo isso pode acontecer”, disse.
Para Gilmar Aguirre, da Fetrafi-RS, mais do que nunca, a gente precisa romper a bolha. “O movimento exige que a gente abrace os trabalhadores de forma geral. Cada movimento sindical está defendendo os problemas da sua categoria. E o governo quer exatamente isso. A CSD entende que temos que espalhar a luta dos trabalhadores. A gente quer discutir o macrossetor financeiro. A CSD entende que este é um momento único no movimento sindical do país, no qual todas as centrais sindicais devem se unir para defender a classe trabalhadora como um todo.”
Fonte: Contraf-CUT