É tradição em todo o Pará, durante o mês de julho, vários moradores de Belém e Região Metropolitana passarem o fim de semana nas praias e balneários do estado, mas no dia 8 de julho, alguns bancários e bancárias do Banco da Amazônia no Pará, Acre, Amapá e Rondônia abriram mão do lazer com a família para debaterem as reivindicações específicas do funcionalismo.
“Primeiramente quero agradecer a presença de cada trabalhador e trabalhadora do Banco da Amazônia em uma das etapas mais importantes da Campanha Nacional da categoria que são os congressos e encontros onde o próprio funcionalismo constrói a pauta de reivindicações que vai além do reajuste salarial que esse ano, já que o acordo é bianual, já está garantida a reposição da inflação e mais um por cento de ganho real”, destacou o presidente do Sindicato, Gilmar Santos.
O 9º Congresso dos Empregados e Empregadas do Banco da Amazônia antecedeu o aniversário de 75 anos da instituição celebrado no domingo (9); e nesse ano, o evento teve uma breve apresentação histórica e institucional do banco, feita pelo bancário Oduval Lobato, que destacou a importância do banco atuar como um agente importante de fomento para o desenvolvimento regional através das experiências vividas enquanto gestor.
De acordo com Lobato, “dinheiro não é problema”. Mesmo o banco tendo encerrado 2016 com lucro líquido de R$ 130,7 milhões, uma queda de 47,5% na comparação com o ano de 2015. A redução é resultado da diminuição nas receitas de prestação de serviços, pela constituição de provisões para perdas relacionadas a financiamentos do FNO (risco compartilhado), que fazem parte da rubrica “outras despesas operacionais.”
A aplicação de forma adequada do FNO está na minuta de reivindicações específicas, construída e aprovada por ampla maioria durante o 9º Congresso, já que de acordo com o funcionalismo apenas 40% do Fundo estaria sendo aplicado.
Para o dirigente sindical e empregado do banco, Sérgio Trindade, a apresentação institucional foi meramente no sentido de apresentar aspectos de gestão. “Pelo que percebemos tem dinheiro para ser investido no fomento da região, como foi dito, mas infelizmente o Banco da Amazônia vem perdendo a essência de sua missão ao longo dos anos, graças à visão de administração que não considera, como deveria, as especificidades de uma região tão vasta e complexa, e que pensam tão somente nos resultados financeiros, ainda que distante do desejável. Porém, por outro lado, não podemos deixar de registrar o trabalho e dedicação de todos os empregados e empregadas que fizeram sua parte. Faltam motivos para o funcionalismo comemorar os 75 anos, pois sobram reclamações da falta de valorização, dos baixos salários, dentre outros problemas”, afirmou.
O descontentamento do funcionalismo pode ser um dos motivos que levou 42% do total de desligados sem justa causa, a pedirem demissão no ano passado. Segundo o Dieese, em 2016, 20.235 novos bancários foram admitidos e 40.788 foram demitidos, um saldo negativo de – 20.553 postos de trabalho.
Defesa dos bancos públicos – Outra proposta apresentada e aprovada no 9º Congresso foi a participação em uma Frente Parlamentar em Defesa dos Bancos Públicos, especialmente, colocar em pauta, o Banco da Amazônia e Banpará, com realização de audiência para discutir a importância das instituições, bem como a manutenção delas, na região.
“Precisamos reagir e lutar pelos nossos empregos que estão ameaçados pelo atual governo com a ‘reforma’ trabalhista. Esse engajamento tem que ser de todos e todas, além de convencer nossos colegas a estarem juntos com a gente, pois não sei como ficará a nossa situação e de nossas famílias, que dependem de nós”, desabafou o bancário de Parauapebas, Raul Mesquita.
A defesa dos bancos públicos já iniciou no país com uma mobilização nacional que trouxe o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, no mês passado, em Brasília.
“Fazer a defesa dos bancos públicos não é fazer somente a defesa dos nossos empregos, é também colaborar para o futuro e desenvolvimento do país dada a importância dessas instituições na economia do Brasil, principalmente pelas políticas de crédito na área da habitação, educação e agrícola”, ressaltou a secretária de Estudos Sócio-Econômicos da Contraf-CUT e ex-presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim.
Além da Frente regional, o 9º Congresso aprovou uma carta aberta sobre os desafios e oportunidades do Banco da Amazônia no sentido da valorização de seu funcionalismo e fomento da região.
Ações jurídicas – Uma parte do evento foi dedicada também à apresentação das principais ações coletivas em curso do Banco da Amazônia feita pelos advogados do escritório que presta assessoria jurídica ao Sindicato. São elas: 15 minutos; horas extras para os supervisores da matriz e agências, auditores e consultores; lateralidade; abono pecuniário e quadro de apoio.
Existem ainda outras ações em estudo sobre a possibilidade de um dissídio coletivo da PLR 2016; auxílio-alimentação ser declarada natureza salarial e o novo PCCS.