Após tomar a Praça da Sé, ato seguiu até o vão do Masp na Avenida Paulista
Mais de 40 mil pessoas acompanhavam nesta quarta-feira (9) a 8ª Marcha da Classe Trabalhadora, em São Paulo. Após concentração na Praça da Sé, os participantes tomaram, por volta das 11h, as ruas da região central da cidade, animados por seis carros de som, e andaram até o vão livre do Masp, na Avenida Paulista, onde foi realizado um grande ato político, com o pronunciamento dos presidentes da CUT, CGTB, CTB, Força Sindical, Nova Central e UGT. O evento foi encerrado em torno das 14h.
A marcha foi um ato unitário organizado conjuntamente pelas seis centrais sindicais. Até as 12h, rádios e sites da chamada grande mídia, com exceção da CBN, insistiam em noticiar que apenas 3 mil pessoas participavam da mobilização.
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O presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que a marcha vai pressionar o Executivo e o Congresso Nacional (Câmara e Senado) a retomar negociações da pauta dos(as) trabalhadores (as).”O Congresso tem de aprovar a nossa pauta. Esse é o momento. Em ano eleitoral, eles vêm atrás de voto e para ter voto de trabalhador (a) tem de atender a pauta da classe trabalhadora”, disse o dirigente sindical.
Ele também comparou o ato a uma campanha dos trabalhadores. “É como uma campanha salarial. Essa marcha representa uma greve”, afirmou. Segundo o presidente da CUT, o foco da marcha é voltado à classe trabalhadora.
“É absolutamente sindical, ela fala da pauta da classe trabalhadora. Vamos entregar de novo a pauta ao governo, ao Legislativo, ao Judiciário”, disse Vagner. “Avançou muito pouco (a pauta). Praticamente ficou estagnada”, acrescentou que, como muitos, segurava uma foice com os dizeres “PL 4330”, referência ao projeto de lei sobre terceirização repudiado pelas centrais.
Entre as principais reivindicações dos trabalhadores estão a redução da jornada para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, a correção da tabela do Imposto de Renda, o arquivamento do PL 4.330 e a manutenção da política de valorização do salário mínimo.
Sobre as eleições deste ano, Vagner adiantou que haverá uma posição na hora certa. “A CUT vai ter posicionamento no momento oportuno. As centrais não podem cometer esse equívoco de frustrar os trabalhadores, elas os representam”, disse.
Exemplo de mobilização
Vagner disse que a marcha foi um exemplo de mobilização, organização e respeito à democracia para todo o Brasil. O dirigente parabenizou a militância da CUT, destacando que os trabalhadores e trabalhadoras cutistas e das demais centrais foram às ruas de cara limpa, de forma pacífica e ordeira lutar por seus direitos.
O presidente da CUT frisou que durante quase cinco horas de marcha não houve nenhum incidente, nenhuma briga ou problema relativo à segurança registrado entre os manifestantes e no percurso da manifestação.
Para ele, a marcha é o tipo de manifestação boa para o Brasil porque “ela coloca a disputa de classes entre o capital e o trabalho, mas respeita a democracia.”
Segundo Vagner, a militância da CUT foi expressiva maioria entre os milhares de trabalhadores e trabalhadoras que participaram de toda a manifestação. “É essa militância que ajudou a mudar o Brasil, que foi decisiva na construção da democracia, do novo sindicalismo. É essa militância que vem defender os seus direitos e a sua pauta de reivindicações. Essa militância que atendeu ao chamado da CUT e dos sindicatos cutistas”, disse. “Os maiores, mais importantes e mais bem organizados sindicatos do Brasil são da CUT”, completou.
“Foi uma manifestação ordeira e com ela, mais uma vez, vez o movimento sindical brasileiro comprova que é possível fazer atos, protestos e manifestações de massa sem depredação”, disse Vagner. E prosseguiu: “Viemos todos de cara limpa. Na nossa manifestação, não tinha máscaras, pois viemos somente com vontade de mudar. Não houve agressão contra ninguém, nenhum jornalista foi agredido, respeitamos o direito da imprensa fazer seu trabalho livremente porque isso é uma conquista da democracia que também foi feita pela CUT. Não viramos carros, não invadimos nem depredamos lojas nem quebramos nada”.