Os bancários de Mato Grosso têm vivido em constante estado de alerta. O ano de 2009 registrou 16 roubos (incluindo tentativas) a agências bancários do Estado, aumento de cerca de 23% quando comparado ao ano anterior. O número é recorde, superando os demais anos. Enquanto em 2008 houve 13 roubos, em 2007 foram registrados nove. Cidades isoladas, pouco policiamento e ausência de itens de segurança nas unidades são apontados como fatores que propiciam esse crescimento de roubos.
De 16 assaltos a bancos ocorridos nesse ano, em sete houve reféns. O presidente do Sindicato dos Empregados e Estabelecimentos Bancários e do Ramo Financeiro de Mato Grosso (Seeb-MT), Arilson da Silva, explica que os funcionários são os principais afetados com esse clima de insegurança. “Os bancários estão ligados 24 horas por dia, porque o perigo não é somente na hora que o bancário está trabalhando. Ele teme pela família que pode ser tomada como refém, ele teme pela vida dos colegas e é claro, pela sua vida. É um nível tão alto de estresse, que muitas vezes o trabalhador prefere abandonar o emprego”.
Enquanto a polícia considera roubo apenas os casos em que o crime é consumado, o sindicato contabiliza até mesmo as tentativas de roubo ou extorsão mediante seqüestro.
“Não interessa se o funcionário estava na agência na hora do assalto, o impacto é quase o mesmo. A sensação de insegurança permanece. Além disso, quando um bancário é seqüestrado em casa é obvio que o foco do seqüestrador é o banco e não o empregado”, comenta a secretária de Saúde e Condições Sociais do Seeb-MT, Italina Facchini.
Durante o ano, o sindicato se reuniu com o secretário de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado, e com o comandante geral da Polícia Militar do Estado, coronel Antônio Benedito de Campos Filho, cobrando mais policiamento e uma atuação mais rápida na prevenção e repressão dessas ações criminosas.
O Seeb-MT também esteve com os representantes dos bancos para cobrar a adoção de mais itens de segurança. Algumas agências do interior sequer apresentar porta giratória, em alguns locais as câmeras de segurança não funcionam e todas as unidades mato-grossenses não possuem vidros blindados.
No dia 15 de dezembro, em reunião da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada, a Polícia Federal multou em R$ 6, 625 milhões bancos que descumpriram a legislação de segurança (como trabalhar com plano de segurança vencido, ter número insuficiente de vigilantes e usar bancários para fazer transporte irregular de valores).
O campeão foi o HSBC com R$ 2,010 milhões, seguido pelo Santander com R$ 1,338 milhão, Itaú Unibanco com R$ 1.120 mil e Caixa Econômica Federal com R$ 782 mil.
Os sindicatos de todo o país estão dialogando com os bancos para a adoção de novos itens e a extinção de algumas práticas que fragilizam a segurança dos bancários. A implantação de porta giratória em todas as agências e que esse equipamento seja colocado na entrada dos caixas eletrônicos seria um desses pontos.
O fim do transporte de malotes por funcionários também aumentaria a segurança dos trabalhadores. No mês de setembro, o Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso condenou o Bradesco a pagar 500 mil reais por danos morais coletivos por ter utilizado seus empregados para transportar valores em dinheiro entre uma cidade e outra.
“São práticas que devem ser extintas. Hoje, as quadrilhas de roubo a banco estão cada vez mais especializadas. É necessário que os bancos reforcem a segurança, para resguardar principalmente seus funcionários. Continuaremos batalhando para isso”, afirma Silva.