Quase 500 bancários participaram dos debates e das votações em Porto Alegre
A plenária final da 16ª Conferência Estadual, realizada na manhã deste domingo (1º), no Hotel Embaixador, em Porto Alegre, aprovou a proposta de aumento real de 10% mais a inflação acumulada no período entre setembro de 2013 a agosto de 2014. A estratégia de campanha será a mesma de 2013, baseada na mesa única com a Fenaban e negociações específicas concomitantes com as direções dos bancos públicos.
Tudo o que foi decidido será encaminhado à 16ª Conferência Nacional, a ser realizada de 25 a 27 de julho em São Paulo, onde será definida a minuta de reivindicações da categoria para a Campanha Nacional 2014.
O encontro contou com 472 delegados credenciados, representando as bases de 32 sindicatos filiados à Fetrafi-RS. A maior delegação foi de Porto Alegre, com 133 participantes. Quanto ao gênero, compareceram 166 mulheres e 306 homens, totalizando os percentuais de 35% e 65%, respectivamente.
Aberta na manhã de sábado (31), a 16ª Conferência teve uma palestra do jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, que falou sobre o seu novo livro “1964: golpe midiático-civil-militar”, uma exposição do Dieese sobre conjuntura econômica e encontros por bancos (BB, Caixa, Banrisul e privados).
Unidade
“Fizemos mais uma grande conferência graças ao empenho dos sindicatos filiados à Federação, que continuam cumprindo o papel essencial de mobilização da categoria no período pré-campanha salarial. A unidade que garante conquistas aos bancários há décadas só é atingida com democracia. Sempre buscamos abrir nossos fóruns, envolvendo o maior número possível de trabalhadores nos debates sobre as reivindicações que serão negociadas com os banqueiros. Mais uma vez os bancários gaúchos fizeram grande evento, atingindo este objetivo”, avalia o diretor da Fetrafi-RS, Arnoni Hanke.
Condições de trabalho
Os debates desenvolvidos ao longo da programação do evento abordaram as demandas gerais e específicas da categoria no Estado. Um dos grandes desafios propostos pela 16ª Conferência é o combate às metas abusivas, que deterioram as condições de trabalho nos bancos. Ao longo do encontro, o assunto foi amplamente discutido, a fim de definir estratégias para a negociação com os bancos.
O número de bancários afastados por problemas psíquicos assusta o movimento sindical. De acordo com informações da assessoria de Saúde da Fetrafi-RS, o percentual de trabalhadores que utiliza medicamentos controlados para suportar a rotina do trabalho bancário cresce a cada dia.
“Não queremos que os bancários deixem de ser bancários. Esta seria uma atitude imediatista e equivocada. Os trabalhadores do sistema financeiro merecem condições de trabalho dignas, que não os levem ao adoecimento. Os bancos sabem muito mais sobre as doenças do trabalho do que nós. As instituições definem suas metas e objetivos que são atingidos por meio da violência organizacional. Precisamos mudar esta lógica”, aponta a diretora de Saúde da Fetrafi-RS, Denise Corrêa.
Os problemas de segurança também foram destacados. Uma das propostas aprovadas é a obrigatoriedade dos itens de segurança previstos na lei federal nº 7.102/83 e nas leis estaduais e municipais vigentes para o funcionamento de agências de negócios, Postos de Atendimento Bancário (PAB) e Postos de Atendimento Avançado (PAA). “Abrir unidades sem vigilantes e sem portas giratórias é brincar com a vida de bancários e clientes, o que é intolerável”, ressaltou o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária.
Desafios
A mesa de abertura apontou os principais desafios da categoria em 2014. O presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, Mauro Salles, disse que não haverá terceira via na disputa eleitoral deste ano.
“São dois projetos opostos e estarão em jogo direitos já conquistados. Não podemos admitir que haja retrocessos. A campanha salarial vai acontecer num período complexo, mas com certeza a categoria é experiente. Temos o desafio de construir uma pauta nacional e faremos isto de maneira democrática, como sempre fizemos”, salientou Mauro.
O diretor da Contraf-CUT reforçou também a disputa eleitoral. “O grande embate deste ano vai ocorrer nas eleições. Temos dois projetos distintos disputando os rumos do país. O atual, que inverteu a agenda neoliberal, e o velho projeto privatista, representado pela elite brasileira, que vê a possibilidade de retomar o poder e a agenda de privatizações. Fomos protagonistas para eleição do projeto popular e mais uma vez precisamos exercer nosso papel como bancários e cidadãos para garantir a sua permanência e evitar retrocessos”, destacou Ademir.
O diretor da Fetrafi-RS, Carlos Augusto Rocha, salientou a importância da mobilização da categoria contra as demissões e a rotatividade, buscando mais contratações para ampliar os postos de trabalho e melhorar as condições de trabalho, além de evitar a precarização do emprego, proposta pelo projeto de lei (PL) nº 4330, que prevê a terceirização de atividades-fim.
“Fizemos quatro viagens cansativas à Brasília para integrar manifestações convocadas pelas centrais. Graças a esta grande mobilização dos trabalhadores foi possível impedir a votação do famigerado PL 4330. Estamos lutando pela manutenção do emprego e pela preservação da categoria bancária”, enfatizou Rocha.
A diretora da Fetrafi-RS, Maristela da Rocha, frisou a importância da organização e da unidade para os trabalhadores do sistema financeiro. “Não temos a mídia a nosso favor, por isso precisamos definir bem as nossas estratégias, a fim de garantir uma campanha salarial vitoriosa”.