Participantes discutiram conjuntura nacional e internacional
Aumentar a sindicalização e a representação nos locais de trabalho, aprofundar as discussões sobre as contradições do capital e disputar a hegemonia na sociedade. Estes foram os principais desafios apontados na análise de conjuntura nacional e internacional realizada na manhã desta terça (29), na 14ª Plenária Nacional da CUT, que ocorre até sexta (1º), no Centro Cultural Adamastor, em Guarulhos (SP).
Cerca de 85% dos trabalhadores/as do mundo não têm representação sindical, reduzindo as condições de luta e resistência. “Sem canal de representação com os patrões, fica difícil estabelecer uma correlação de forças favorável à classe trabalhadora”, ressalta o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício.
Segundo o dirigente, apesar das dificuldades da estrutura sindical, o cenário brasileiro ainda é melhor, pois os patrões são obrigados a negociar e, na média, 18% dos trabalhadores/as são sindicalizados/as. Entretanto, “parece que a pauta de reivindicações nos basta”, criticou Felício, cobrando acirramento das lutas e volta às origens, “como nos anos 70, para provocar mágoa, raiva e rebelião na base diante da sociedade que nos oprime”.
Na mesma linha, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, afirma que não basta o “sindicalismo reflexivo” diante da conjuntura. Ele avalia que é preciso aproveitar as oportunidades do pleno emprego e da estabilidade econômica no Brasil para avançar especialmente na redução das desigualdades, pois a renda em queda e a alta do desemprego estão derrubando o combativo sindicalismo europeu que se observava décadas atrás.
“Não queremos ficar no processo de análise da crise, mas sermos protagonistas a partir das experiências da classe trabalhadora e com a preocupação de apresentar sua proposta”, diz o presidente cutista, que defende hegemonia no parlamento e em todas as áreas onde há disputa com a classe dominante.
Em sua análise, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães destacou alguns impactos econômicos da crise mundial sobre a classe trabalhadora, principalmente dos países periféricos. No Brasil, a questão, diz o diplomata, é o aumento de exportações pelas nações em crise, que, com o déficit na balança comercial, afetam, principalmente, a competitividade do setor industrial e, assim, a geração de empregos.
Segundo o embaixador, o país acumula déficit de US$ 8 bilhões na balança comercial com os Estados Unidos e outros US$ 30 bi com os países europeus. “Os acordos de livre comércio podem levar à reversão do processo de desenvolvimento econômico brasileiro, afetando diretamente os trabalhadores”, alerta.