Um mar de aplausos cobriu na manhã desta quinta-feira as palavras de agradecimento do dirigente da Federação Geral dos Sindicatos Palestinos (PGFTU), Mahmoud Abu Odeh, aos delegados e delegadas presentes ao 10º CONCUT, que reafirmou a posição da Central contra a política de terrorismo de Estado israelense e pelo reconhecimento do Estado palestino, livre e soberano.
“60% da nossa população encontra-se abaixo da linha da pobreza, há mais de 11 mil palestinos presos em cárceres israelenses, 78% das nossas terras estão tomadas ou por assentamentos ilegais ou por instalações militares, sem falar das 640 barreiras montadas pelo exército israelense para impedir nosso deslocamento dentro do nosso próprio território. Toda a água está sob controle de Israel, que nos fornece apenas cinco horas de água por semana”, descreveu.
Segundo Mahmoud, nas poucas vezes em que os palestinos conseguem permissão para trabalhar em Israel, ficam inteiramente privados de direitos, sendo tratados como objeto descartável. Este comportamento policialesco é contra todo um povo, alertou, indo do mais simples cidadão ao presidente: “Não podemos ir a nenhum lugar sem a permissão do governo israelense. Até o nosso presidente Mahmoud Abbas necessita pedir licença para viajar ao exterior”.
O sindicalista palestino descreveu que a barbárie vem sendo cristalizada numa política de “apartheid”, que visa “segregar e asfixiar”: “Nossa situação econômica está péssima. Ficamos inteiramente dependentes de Israel, que não nos deixa importar nem exportar. A saúde pública está um caos, o que agrava ainda mais o sofrimento das famílias”.
Há um desejo e um compromisso do povo e do governo palestino com a construção do diálogo e do entendimento para a superação deste momento amargo, mas que precisa levar em conta a aspiração nacional, não podendo ser uma imposição unilateral de um país agressor, armado com ogivas nucleares. “Nós acreditamos na paz com justiça, liberdade e reconhecimento do Estado palestino soberano. Não haverá paz com assentamentos ilegais de judeus extremistas, nunca haverá paz com ocupação militar. Daí a importância desta solidariedade dos brasileiros, daí a relevância de somarmos nossas vozes contra esta agressão, pressionando para que o governo norte-americano, que historicamente tem financiado e dado respaldo a Israel, pare com esta guerra contra o nosso povo, que nos deixem viver em paz”, declarou.
Mahmoud lembrou ainda do cerco recente à Faixa de Gaza, que está fechada pelos militares israelenses, mantida por um cerco covarde que impede a chegada de alimentos, mantendo mais de um milhão e meio de pessoas, sem eletricidade e sem água. “Todo o fornecimento de alimentos vem sendo feito por túneis subterrâneos que são bombardeados quando encontrados. As milhares de casas que foram destruídas pelos mísseis e bombas de Israel continuam como escombros, com as pessoas vivendo ao relento, pois o exército de ocupação impede até mesmo a chegada de ferro e cimento para construção. Agradecemos a oportunidade deste Congresso da CUT por dar visibilidade a esta tragédia, muitas vezes invisibilizada pelos meios de comunicação. Com a força da solidariedade, continuaremos nossa luta até a conquista da Palestina livre”.