Diretora da Contraf-CUT, Deise Recoaro, coordena mesa de encerramento
O 1º Fórum Nacional: A invisibilidade Negra no Sistema Financeiro terminou nesta terça-feira (29), em Salvador, com a aprovação de uma carta compromisso reunindo objetivos e ações a serem implementadas pelas entidades sindicais no combate à discriminação de negros e negras nos bancos.
A mesa final do evento foi presidida por Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, e contou com a participação de Júlia Nogueira, secretária de Combate ao Racismo da CUT, e Valmira Luiza, secretária de Combate ao Racismo da CTB. Também estiveram presentes o secretário-geral da Contraf-CUT, Marcel Barros, o secretário de Organização do Ramo Financeiro, Miguel Pereira, bem como Eliomar Carvalho, diretor da confederação e do Sindicato dos Bancários da Bahia.
“Essa carta não pretende trazer constrangimentos às entidades sindicais, ao contrário. É uma forma de estímulo à reflexão sobre o tema para as entidades que não tiveram a oportunidade de presenciar as discussões do Fórum, que foram bastante ricas. Esperamos intensificar as ações em todas as entidades na luta contra o racismo”, afirma Deise.
A secretária de Combate ao Racismo da CUT elogiou o evento. “Quando reunimos trabalhadores de um setor para debater a discriminação de forma responsável, com números e pesquisas, isso dá subsídios para formular políticas sobre o tema. Chega de ficar falando sem ter ações concretas”, defende Júlia Nogueira.
O evento foi integralmente transmitido ao vivo pelo site da Contraf-CUT, graças à parceria com o Sindicato dos Bancários de Brasília.
Veja abaixo a íntegra da carta compromisso:
CARTA COMPROMISSO
1º Fórum Nacional: A Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro
A categoria bancária tem um compromisso de longa data no combate às discriminações de qualquer espécie por entender que esta prática não é benéfica para a classe trabalhadora independentemente do sexo, da cor da pele, da orientação sexual, de ter ou não uma deficiência e independentemente da idade. Está provado ao longo da história que as discriminações favorecem apenas aqueles que detêm o capital, aqueles que concentram as riquezas, aqueles que querem segregar os trabalhadores e trabalhadoras.
Considerando também o acúmulo e patamar que alcançamos com a temática de combate ao racismo na categoria, entendemos que este processo não tem mais volta, ou seja, que os bancos, denunciados pelo movimento sindical e pressionados pelos movimentos sociais, terão que abrir suas portas para uma parcela importante da população eles querendo ou não.
Acreditamos que para que a classe trabalhadora possa viver uma democracia plena é necessário que todos e todas possam exercer cidadania e que entre nós não haja trabalhadores de segunda ou terceira classe. Para que os sindicatos sejam verdadeiramente representativos dos anseios de classe, devemos intensificar as ações em curso neste país através das ações afirmativas. Orientamos e assumimos publicamente o compromisso com as seguintes ações e orientações:
Promover formação sindical sobre a questão racial;
Realizar atos e manifestações com material específico sobre a temática em datas comemorativas;
Criar coletivos temáticos nas entidades e assim fortalecer a Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) através das representações;
Ampliar parcerias com os movimentos sociais;
Fazer a verificação da inserção da população negra nos locais de trabalho, tanto na admissão como na carreira, através de pesquisa ou outras formas de verificação;
Dar também visibilidade aos/as dirigentes afrodescentes nos materiais sindicais, a fim de criar uma identificação com os bancários na base;
Pautar na mesa temática de igualdade de oportunidades as ações afirmativas que visem ampliar a contratação de negros, negras e indígenas;
Propor audiências públicas junto aos parlamentares sobre a temática e as situações que perpassam a questão da discriminação;
Fazer uma articulação com a agenda das centrais;
Promover qualificação profissional nos termos das certificações focada na população negra;
Participar ativamente das ações governamentais através dos protocolos de intenções com a SEPPIR, SPM e MEC;
Garantir a transversalidade de gênero, raça, orientação sexual e pessoa com deficiência na elaboração da minuta e na mesa de negociação;
Desenvolver campanhas pela efetivação das Convenções 100 e 111 da OIT;
Manifestamos nossa posição contrária à fusão da SEPPIR, SPM e Secretaria Nacional da Juventude em um único Ministério porque isso retira o protagonismo e a visibilidade para as mulheres, os negros e os jovens;
Defendemos a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial para dar sequência ao processo virtuoso de promoção de igualdade de oportunidades iniciado nos últimos anos.
Salvador (Bahia), 29 de novembro de 2011.