Apesar das conquistas importantes da resposta brasileira à epidemia de HIV e aids, como a garantia de tratamento e o aumento da sobrevida dos pacientes, ainda existe na sociedade muito preconceito e desinformação sobre a doença. É o que revelam os dados parciais de pesquisa de comportamento realizada este ano pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.
Entre 8 mil entrevistados de todo o país:
* 13% acreditam que uma professora portadora do vírus da aids não pode dar aulas em qualquer escola.
* 22,5% afirmam que não se pode comprar legumes e verduras em um local onde trabalha um portador do HIV.
* 19% acreditam que, se um membro de uma família ficasse doente de aids, essa pessoa não deveria ser cuidada na casa da família.
Para discutir essa realidade, o Programa Nacional de DST e Aids preparou uma intervenção urbana – “O preconceito isola” – para o Dia Mundial de Luta contra a Aids (1º de dezembro), a ser montada na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Ao longo de todo o dia, um jovem ficará dentro de uma bolha transparente, impedido de tocar quem estiver no ambiente externo (veja imagem abaixo). O objetivo é levantar o debate sobre a exclusão vivida por quem tem o HIV ou sofre outros tipos de preconceito.
“O estigma relacionado à doença afasta as pessoas tanto do diagnóstico como do tratamento, por isso impactam diretamente na sua qualidade de vida”, destaca a diretora do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão. Depois de anos convivendo com a epidemia, diz ela, é preciso que a sociedade não apenas respeite e aceite essas pessoas, mas que as acolha.
Campanha nacional
Homens acima dos 50 anos são tema da campanha do Ministério da Saúde para o Dia Mundial de Luta contra a Aids deste ano. Com o slogan “Sexo não tem idade. Proteção também não”, são abordados assuntos ligados à sexualidade, como o uso do preservativo e dicas para melhorar a relação sexual depois dos 50.
O filme com 30 segundos de duração se passa no “Clube dos Enta”, formado apenas por homens acima dos 50 anos que têm orgulho da idade e experiência. Os sócios rimam palavras terminadas com “enta”, relacionadas ao cotidiano da faixa etária. E dizem que, para o sexo, nunca se aposentam.
Nas versões com 30 e 60 segundos, o clube ganha até hino cantado pelos cinqüentões, sessentões e setentões. Um dos trechos da musica diz: “Enta, enta, eeenta, a camisinha é a nossa ferramenta. Enta, enta, eeenta, as mulheres nos apóiam e a coisa esquenta”.
Além do vídeo e do spot de rádio, foram produzidos cartazes, “folders” e mobiliário urbano (out-door e outras placas). Pela primeira vez, a arte do material gráfico foi encaminhada para coordenações de DST e aids estaduais, que ficaram responsáveis pela impressão das peças. A iniciativa faz parte da descentralização das ações, por meio do repasse específico de verba para ações de comunicação.
Como acontece desde 2005, o tema escolhido para o Dia Mundial tem continuidade nas ações do ano seguinte. Assim, a campanha do Ministério da Saúde para o Carnaval de 2009 voltará a enfocar pessoas acima dos 50 anos, mas com ênfase nas mulheres.