Bancários e aposentados do Santander protestaram contra as mudanças implementadas pela gestão brasileira do banco espanhol por meio da “multicanalidade”; e por questões relacionadas à retirada de patrocínio do Banesprev e à transferência de gerência do SantanderPrevi.
A manifestação foi realizada durante a visita ao país da presidenta mundial do banco, Ana Botín, na manhã de segunda-feira (8), na Torre Santander, em São Paulo, e na rede social “X” (antigo Twitter), com a hashtag #EscutaSantander.
Em março, durante a assembleia mundial dos acionistas do Santander, na Espanha, o movimento sindical brasileiro denunciou os abusos e desrespeitos que a filial brasileira do grupo pratica contra os trabalhadores brasileiros e a população do país, que respondem por 17% do lucro global do conglomerado espanhol.
“Fraudes em contratações, demissões arbitrárias, ataques ao plano de pensão e aos convênios de saúde, assédio moral e sobrecarga de trabalho têm sido parte do nosso cotidiano, gerando altos índices de adoecimento entre nossos colegas e uma total ausência de solução dos conflitos através da negociação coletiva. Esta situação obriga os trabalhadores a buscarem na justiça o que deveria ser resolvido de forma negocial aumentando, assim, o passivo trabalhista e comprometendo a estabilidade futura”, denunciou aos acionistas Lucimara Malaquias, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo e funcionária do Santander.
O ato de segunda-feira foi um reforço, motivado pela forma como o Santander tem tratado os trabalhadores da ativa e os aposentados. Uma carta aberta direcionada à Botín também foi divulgada.
“A atividade buscou fortalecer as denúncias já apresentadas na Espanha. Nós queremos que os desmandos do Santander, aqui no Brasil, cheguem até a Ana Botín”, afirmou Rita Berlofa, funcionária do banco e secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
“Os trabalhadores da ativa e os aposentados estão indignados com a posição intransigente do banco em fazer as mudanças sem nenhum diálogo com os trabalhadores e com o movimento sindical”, afirmou Wanessa Queiroz, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.
Multicanalidade
Por meio do processo chamado “multicanalidade”, o banco vem retirando os gerentes Van Gogh e gerentes de empresa das agências, transferindo-os para departamentos internos, que tem causado sobrecarga para os Especialistas Santander que permaneceram nas agências. A mudança também está resultando na precarização do atendimento aos clientes.
Mudanças no Banesprev
No dia 2 de abril, o Diário Oficial da União publicou duas portarias da Previc (203 e 204), órgão fiscalizador das entidades fechadas de previdência complementar, aprovando a transferência de gestão dos plano V e pré-75 para o SantanderPrevi, que não tem gestão colegiada.
As entidades representativas dos empregados Contraf-CUT, Sindicato dos Bancários de São Paulo e demais associações, como Afubesp, Afabesp e Abesprev avaliam que a transferência de gestão acarretará em grandes prejuízos no processo de governança. Isto porque a governança do SantanderPrevi é bem mais restrita, por não ter diretores eleitos, comitê de investimentos e assembleia de participantes. Por tudo isto, a transparência do SantanderPrevi é bem inferior à do Banesprev. “A transferência de gestão acarretará não só grandes prejuízos no processo de governança, hoje existente, como também trará risco para os participantes que já estão com idade avançada, bem como é muito dinheiro para ir a uma instituição pequena e sem governança”, completou Rita Berlofa.
Além do protesto desta segunda-feira (8), as entidades ajuizaram pedidos de liminar visando impedir a transferência de gestão dos Planos V e Pré-75 do Banesprev para o SantanderPrevi.