Há quase quatro anos, o Santander dava uma das maiores demonstrações de desrespeito ao movimento sindical e de afronta ao direito democrático que assegura a todos os trabalhadores e trabalhadoras a liberdade de organização. Em outubro de 2017, a bancária Danieli Siqueira, então no cargo de secretária de Comunicação, Divulgação e Imprensa do Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes e Região (RJ), foi demitida da agência 1471 (Rua 13 de Maio, Centro) na véspera de completar nove anos de carreira no banco. Depois de muita tentativa de diálogo, mobilização e luta na Justiça, Danieli foi reintegrada na manhã desta quinta-feira (9), em cumprimento à decisão de primeira instância da Justiça do Trabalho.
Administradora de empresas com pós-graduação em finanças empresariais, Danieli exercia o cargo de coordenadora na agência. Ela já tinha LER quando foi demitida e, na época da demissão, estava de licença por conta de um acidente doméstico, cuja gravidade levou a bancária a passar por cirurgia. “Em nenhum momento da inscrição da chapa e da posse o banco apresentou qualquer argumento ou recurso para questionar a legitimidade do direito da companheira a exercer a função de dirigente sindical. O argumento negando o direito à estabilidade só foi usado pelo Santander a partir da demissão”, critica o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato, Hugo Diniz.
Durante o tempo em que durou a luta para corrigir a injustiça, dirigentes do Sindicato chegaram a se reunir em São Paulo com a diretoria de recursos humanos do Santander. “Buscamos incansavelmente o diálogo, mostrar que esse tipo de prática antissindical é inadmissível, mas de nada adiantou para sensibilizar o banco. Realizamos atos públicos em protesto contra a demissão da companheira dirigente, inclusive com a participação de sindicatos co-irmãos e, por fim, confiamos na Justiça, que agora nos deu essa vitória, tão importante para toda a categoria”, relata o presidente do Sindicato, Rafanele Alves Pereira.
Para Danieli, a palavra que resume o momento é alívio. “Foram quase quatro anos de muita apreensão e muita luta”, define a bancária, ressaltando a importância do empenho do Sindicato para que a justiça fosse feita. “Claro que tive medo, especialmente vendo o agravamento da crise econômica no país, o desemprego, e também toda essa situação da pandemia, mas sempre confiei porque sei o quanto o Sindicato é forte e perseverante na luta, tanto que são várias reintegrações acontecendo”, afirma.