UNI Américas Finanças elege novo Comitê Executivo

Argentino Sergio Palazzo será o presidente da entidade e a brasileira Juvandia Moreira, da Contraf-CUT, a vice

A UNI Américas Finanças, braço no continente da UNI Global Union, sindicato global que representa trabalhadores dos setores de serviços em todo o mundo, encerrou nesta sexta-feira (10) sua 5ª Conferência. O encontro elegeu o novo Comitê Executivo da Entidade. O argentino Sergio Palazzo foi reeleito presidente e a brasileira Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), foi eleita 1ª vice-presidenta. O 2º vice-presidente será Trevor Johnson, sindicalista bancário caribenho de Trinidad e Tobago. O argentino Guillermo Maffeo, foi reeleito diretor regional da UNI América Finanças.

A UNI Global Union representa mais de 20 milhões de trabalhadores de mais de 150 países. É uma entidade sindical mundial à qual a Contraf-CUT é filiada. Juvandia falou sobre a conjuntura desde a conferência anterior, em 2016, quando o momento apresentava retrocessos como o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a eleição do neoliberal Maurício Macri para presidência na Argentina, a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos e de outros presidentes com perfis de direita como Leny Moreno, no Equador, e Iván Duque, na Colômbia.

Avanços populares

A presidenta da Contraf-CUT, ressaltou, no entanto, a evolução das lutas populares no Chile, desde o ano passado; as vitórias de Luiz Arce, na Bolívia, e de Alberto Fernandez, na Argentina. Destacou também a resistência dos sindicatos colombianos na luta pela paz, dos sindicatos chilenos na defesa da previdência pública, além da conquista do plebiscito para uma nova constituição no país. Juvandia ressaltou também o papel do movimento sindical norte americano apoiando a vitória de Joe Biden, este ano, nos Estados Unidos.

“A UNI tem um papel fundamental no continente. Esse novo comitê executivo da entidade tem uma representação 44% de mulheres titulares. Valoriza a presença das mulheres. Muitas lutas virão e muitas vitórias também”, disse Juvandia no encerramento da conferência. “Vamos assumir essa responsabilidade em um contexto de uma economia de financeirização, um processo muito forte de desemprego. Para que nosso sistema financeiro seja saudável, não pode ser especulativo. Precisa retomar sua função original, que era bancar os créditos para os cidadãos”, disse Sergio Palazzo ao final do encontro.

Outros dirigentes bancários brasileiros também integram o Comitê Executivo da UNI Américas Finanças. Na Área 5 da entidade na América do Sul, que engloba Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, os titulares são a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva; Roberto von der Osten, secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, e Romiko Tanaka, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec).

Nas primeiras suplências estão Rita Berlofa, que é presidenta da UNI Finanças Mundial, setor de Finanças do Sindicato Global UNI Global Union, e Magaly Fagundes, presidenta da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais (Fetrafi-MG) e diretora da Contraf-CUT. Também ocupam suplências na Área 5 da entidade Gilberto Vieira e Lourenço do Prado, dirigentes da Contec.

Debates

A conferência foi realizada remotamente, por meio de plataformas digitais, e, antes da eleição do Comitê Executivo, os delegados discutiram moções. No início da manhã, o debate começou com a moção “Mudar o Mundo do Trabalho”, sobre o desenvolvimento tecnológico e avanços digitais no setor financeiro. Juvandia Moreira foi uma das debatedoras sobre o tema e falou sobre a transição para a digitalização dos bancos. “Estamos em uma transição muito acelerada. A pandemia acelerou essa transição e fez com que as pessoas aprendessem a usar mais os meios digitais. No Brasil, estamos com um novo sistema de transferências, que é o Pix, que vai ter impacto no emprego. Também vai gerar outros problemas para a sociedade, como a exposição de dados. Discutimos a Lei Geral de Proteção de Dados, pois o novo capital é o conhecimento. Essas operações têm a capacidade de controlar a vida das pessoas”, ressaltou a presidenta da Contraf. A moção foi aprovada com a orientação para que as entidades sindicais do continente lutem para regulamentar o teletrabalho e evitar que a digitalização despersonalize o trabalho.

Bancos públicos

Rita Berlofa participou da discussão da Moção 5, sobre os bancos públicos. A presidenta da UNI Finanças Mundial destacou que a pandemia realçou a importância do estado e dos serviços públicos. “Não fosse a presença do Estado, teríamos uma barbárie em grau inimaginável. Ficou evidente a importância dos bancos públicos, responsáveis por fazer chegar para a população os auxílios e benefícios sociais”, destacou Rita. A moção também foi aprovada, com a orientação para as entidades sindicais promoverem ações e campanhas em defesa dos bancos públicos.

Neiva Ribeiro dos Santos, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região debateu a Moção 6, sobre a Covid-19. Falou sobre a experiência de negociação com os bancos no Brasil assim que a pandemia começou. “Foi um acordo inédito e difícil de negociar. Levamos70% dos bancários brasileiros para o home office, discutimos protocolos de segurança para preservar a vida dos bancários e da população que ia às agências. Isso nos trouxe aprendizado para acordos de teletrabalho. Nosso governo queria negar o isolamento, o uso da máscara e a vacina. Lutamos contra tudo isso”, relatou Neiva.

Saldo positivo

Para o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, o salto da conferência foi positivo. Além dos delegados da conferência, também participaram 61 representantes de sindicatos e federações como observadores. “Eles puderam acompanhar, ter formação e informações sobre a conjuntura continental além da troca de experiências de ações com outros sindicatos. Os participantes perceberam que a luta hoje tem que ter uma dimensão globalizada, pois as decisões dos bancos transnacionais nem sempre são tomadas localmente. A ação global da UNI acrescenta empoderamento e soma uma ação mundial com a experiência e o poder local”, avaliou.

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