A direção do Grupo Alfa reconheceu, em reunião realizada nesta terça-feira (10), que a mudança no programa de remuneração variável (RV), implementada em outubro de 2019, não foi uma “decisão feliz”. No encontro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e o Sindicato dos Bancários de São Paulo cobraram o estorno dos descontos na RV realizados desde novembro do ano passado; suspensão de qualquer desconto mensal da RV na PLR da CCT até junho deste ano; e negociação de Programa Próprio de Remuneração com a entidade, contemplando todos os trabalhadores do grupo.
O Sindicato também solicitou o acesso aos locais de trabalho, tanto ao prédio administrativo localizado na Alameda Santos, como ao callcenter, na região do Paraíso. O Grupo Alfa se comprometeu a responder todas as reivindicações até a sexta-feira (13).
“Na nossa avaliação, as negociações avançaram com o reconhecimento pelo Grupo Alfa de que a mudança no programa de remuneração variável não foi uma decisão acertada. A RV e a PLR são verbas de naturezas distintas e que, portanto, não pode haver qualquer tipo de desconto ou compensação entre elas”, diz a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro.
“A nossa expectativa é que as nossas justas reivindicações, formalizadas em e-mail enviado após a reunião, sejam atendidas em sua totalidade, beneficiando não só os funcionários do Grupo Alfa que são submetidos ao cumprimento de metas, mas sim todos os bancários e financiários da empresa”, completou Jair Alves, coordenador de negociação das Financeiras da Contraf-CUT.
Entenda o caso
A Contraf-CUT recebeu denúncias de sindicatos de todo o Brasil sobre uma possível prática irregular do Grupo Alfa para descontar o valor total da PLR dos seus trabalhadores deduzindo-o, em 12 vezes, da remuneração variável (RV) dos funcionários que são submetidos ao cumprimento de metas. A irregularidade teria começado em outubro de 2019.
No final de janeiro, a entidade já havia recebido denúncias de descontos da PLR sobre a remuneração variável. Na primeira reunião, o Grupo Alfa negou a irregularidade e se comprometeu a apresentar todas as informações que comprovariam que a PLR clausulada na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria estaria sendo integralmente respeitada.
Entretanto, as denúncias continuaram chegando ao Sindicato e as informações inicialmente enviadas pela empresa mostraram-se insuficientes para a devida verificação do correto pagamento integral tanto da PLR, como da remuneração variável.
A Contraf-CUT orienta a todos os sindicatos do Brasil que receberem denúncias semelhantes entre em contato, para que as medidas cabíveis sejam tomadas.