Sindicatos dos bancários de todo o Brasil realizaram protestos, nesta quinta-feira (27), contra os processos de reestruturação em andamento no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal. Vestidos de preto, os trabalhadores se manifestaram nas agências e departamentos das duas instituições.
“Estão querendo antecipar medidas previstas na reforma administrativa, que não estão aprovadas. São medidas que penalizam os trabalhadores e reduzem a importância dos bancos e demais empresas públicas”, explicou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga. “Este é um primeiro ato conjunto com os empregados da Caixa. Vamos lutar até o fim contra essas reestruturações que penalizam os trabalhadores”, completou.
No Banco do Brasil, as medidas reduzem a remuneração dos funcionários, extinguem cargos e criam outros, alterando o plano de carreira e podem trazer prejuízos também para a Participação nos Lucros e /ou Resultados (PLR).
Na Caixa, a reestruturação prevê descomissionamentos sumários e a transferência arbitrária de empregados.
“As medidas propostas por este governo prejudicam não apenas os funcionários do Banco do Brasil e os empregados da Caixa. Elas prejudicam todo o país. Os bancos públicos foram criados para atender as necessidades da população e das empresas por serviços bancários que não são oferecidos pelos bancos privados. Como estão reduzindo a atuação dos bancos públicos, todos sairemos perdendo”, explicou o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Dionísio Reis.
Para o coordenador da CEE/Caixa, o desmonte e mudança de perfil dos bancos públicos vai na mesma linha dos reajustes dos combustíveis. “Aumentam o custo da gasolina, do gás de cozinha, aumentam o custo do crédito imobiliário e rural… Assim, como o desmonte dos bancos públicos, tudo isso afeta diretamente a população”, concluiu.
Atendimento precário
A secretária de Cultura e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com a Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, lembrou ainda que as medidas de reestruturação que estão sendo implementadas no Banco do Brasil e na Caixa reduzem o número de postos de trabalho nos bancos e o número de agências para atendimento aos clientes.
“Em 2019, foram fechadas 366 agências do Banco do Brasil e houve uma redução de 3.699 postos de trabalho no seu quadro de funcionários. Na Caixa, foram fechadas duas agências, 39 postos de atendimento, 63 lotéricas e 310 correspondentes e reduzidos 886 postos de trabalho. E, em ambos os bancos, houve aumento de clientes”, observou.
“Isso prejudica o atendimento aos clientes, que, muitas vezes precisa se deslocar por grandes distâncias para poder contar com os serviços bancários. Já os trabalhadores, estes ficam sobrecarregados e acabam adoecendo”, afirmou a secretária da Juventude e representante da Contraf-CUT nas negociações com o Banco do Brasil, Fernanda Lopes, lembrando que 41% dos municípios brasileiros não possuem nenhuma agência bancária e que são os bancos públicos os que oferecem serviços nas localidades e regiões onde os bancos privados não têm interesse em atuar.
Das 5.590 cidades brasileiras, 41%, não possui nenhuma agência bancária. Em Roraima, dos 15 municípios do estado, apenas seis contam com estabelecimentos bancários. Destes seis municípios, em cinco só existem agências de bancos públicos. Esta mesma realidade é verificada em praticamente todo o país. Somente na região Sudeste existem mais agências de bancos privados do que de públicos. Em todas as outras regiões do país (Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste), a maioria das agências são de bancos públicos.
A mesma constatação ocorre no que diz respeito ao fornecimento de crédito. No Norte, 90,9% do crédito é proveniente de bancos públicos. No Centro-Oeste, 88,1% e no Nordeste, 84,8%. Na região Sul, 80,5% do crédito é proveniente de bancos públicos. Somente na região Sudeste a maior parte do crédito tem sua origem nos bancos privados.
Calendário de luta unificado
As atividades de hoje fazem parte de um calendário unificado de luta dos bancários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Já estão definidas novas manifestações para os dias 10 de março, quando serão realizadas reuniões com os bancários em seus locais de trabalho, e para o dia 18 de março, dia em que estão sendo chamados atos em defesa dos bancos e demais empresas públicas.
“Já houve uma boa adesão em manifestações realizadas nos últimos dias, mas é fundamental que a mobilização continue e aumente. Precisamos mostrar para as direções dos bancos e para o governo de uma forma geral que não aceitaremos que nos enfiem goela abaixo estas reestruturações”, disse o Coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis.
Materiais de apoio
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) disponibilizou materiais para serem utilizados pelos sindicatos como apoio ao diálogo, tanto com os funcionários do BB quanto com os empregados da Caixa.