Dieese terá novo diretor técnico

O sociólogo Fausto Augusto Junior será o sétimo diretor técnico do Dieese. Ele substitui Clemente Ganz Lúcio, que está no cargo há 16 anos

O Dieese terá novo diretor técnico a partir desta terça-feira (4): o cientista social Fausto Augusto Junior, 45 anos, assume o cargo no lugar do sociólogo Clemente Ganz Lúcio, que permaneceu na função durante 16 de seus mais de 35 anos no instituto. Clemente foi o segundo diretor técnico mais longevo do Dieese. Ficou menos tempo apenas que o economista Walter Barelli (22 anos), que morreu em julho do ano passado.

Segundo Clemente, a mudança “será fundamental para o Dieese percorrer esse período de graves adversidades. “Nos últimos três anos reestruturamos o Departamento para dotá-lo de capacidade para enfrentar os enormes desafios que já passamos e os que virão”, afirmou, em mensagem por rede social. “Continuarei refletindo sobre o futuro do trabalho, do sindicalismo e das políticas públicas para o desenvolvimento. E principalmente, continuarei lutando para promovermos transformações sociais no sentido da justiça, da igualdade e solidariedade.”

Paulistano, Fausto formou-se em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo. Antes de ser sociólogo, foi eletrotécnico, trabalhando em empresas como Eletropaulo e TVA. Também trabalhou como professor na rede estadual, até chegar, em 1996, ao Dieese, que teve apenas seis diretores técnicos até hoje: José Albertino Rodrigues (1956-1962, 1965-1966), Lenina Pomeranz (1962-195), Heloísa Helena de Souza Martins (1966 a 1968), Walter Barelli (1968-1990), Sérgio Mendonça (1990-2003) e Clemente, de 2003 até agora.

A organização do Dieese inclui uma direção técnica e uma direção sindical. O primeiro presidente da entidade foi Salvador Romano Losacco, do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Em período mais recente, representantes da CUT e da Força Sindical passaram a revezar-se no comando. O atual presidente é Bernardino Jesus de Brito, do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo (Força), que nesta terça será substituído por Maria Aparecida Faria (CUT).

O instituto foi criado por sindicalistas desconfiados dos índices oficiais de inflação. Aos poucos, as atividades do Dieese foram se diversificando. Apenas em 2018, último dado disponível, o departamento prestou 1.470 atendimentos ao movimentos sindical, com temas os mais variados, como negociação coletiva, políticas públicas, emprego e renda, “reforma” trabalhista e indicadores macroeconômicos. Foram realizados 708 estudos para subsidiar campanhas salariais ou analisar particularidades das categorias profissionais.

Entre as pesquisas feitas regularmente, estão as que calculam o valor da cesta básica e o salário mínimo necessário, além da inflação no município de São Paulo (ICV). No ano passado, deixou de ser feita a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), que desde 1985 era feita em parceria com a Fundação Seade. Em depoimento para o próprio instituto, o novo diretor técnico destacou o papel do Dieese ao oferecer informações do ponto de vista do trabalhador, fazendo o contraponto a um conhecimento que é produzido pelo lado empresarial.

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