Os representantes dos trabalhadores do Itaú saíram frustrados da reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Saúde, realizada na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em São Paulo, nesta quinta-feira (12). O encontro foi marcado para a direção do banco trazer os retornos das reivindicações apresentadas em julho. Porém, o banco não trouxe retorno algum.
O primeiro assunto abordado foi parcelamento da antecipação prevista na cláusula 29. A proposta era que o banco avaliasse a questão de que o desconto para o pagamento da antecipação não ultrapasse os 30% do salário, como diz a lei. Porém, nada foi definido.
Neste assunto, foi apontado ainda o fato de o Itaú estar cometendo muitos erros com a perda de agendamento na perícia do INSS. O banco assumiu o erro e afirmou que paga o salário do trabalhador no período até o reagendamento da nova perícia. Porém, esta verba está sendo apontada no sistema como adiantamento ou salário emergencial e é descontada integralmente no retorno.
O movimento sindical cobrou o fim desse sistema, pois o banco não pode penalizar o bancário por um erro que ele admite ter cometido. O movimento sindical reivindica, desde a última reunião, um canal alternativo de comunicação de afastamento do bancário que acabe com este problema.
Estagiários e jovens aprendizes
O Coletivo de Saúde dos trabalhadores cobrou novamente uma posição do banco sobre metas para estagiários e jovens aprendizes. Os dois casos têm leis que definem as normas de conduta. Mas, denúncias mostram que o banco está usando estes jovens trabalhadores como de mão de obra barata. Há casos em que os gestores passam senha de acesso ao sistema do banco e outros que entregam as chaves de agências bancárias. Isso configura como assédio moral e desvio grave de conduta. Cabe ao banco intensificar as orientações aos gestores.
O movimento sindical aponta ainda que o problema mostra a necessidade de mais contratações. Pois a falta de funcionários e a sobrecarga de trabalho levam a este tipo de ação.
Readaptação
Na reunião, também foi cobrado o retorno do banco quanto as metas colocadas aos trabalhadores que estão em readaptação. Um exemplo clássico é que na rede de agências, esses trabalhadores perdem as carteiras de clientes, mas são cobrados como se as tivessem.
Outro problema é que eles voltam para o mesmo local de trabalho. Se a causa do adoecimento foi o trabalho, ele não poderia voltar ao mesmo cenário, no qual acabam passando por um processo de exclusão.
O movimento sindical afirma que esse trabalhador tem que ter um acompanhamento médico e não pode ser deixado de lado na equipe. O banco afirma que está acompanhando, mas as denúncias do movimento sindical não param de crescer. Carlos Damarindo, coordenador do GT de Saúde, espera que na próxima reunião, agendada para este ano, que o banco, de fato, dê um retorno positivo a todas essas demandas. “Há mais de dois anos debatemos estas pautas e não temos nada efetivo. Um banco reconhecido pelos seus investimentos em tecnologia, também deveria investir no fator humano de seu sucesso, que são os trabalhadores.”