21ª Conferência da Fetec-CUT/SP define plano de lutas

Os delegados mostraram sua disposição para enfrentar as lutas que estão por vir

A 21ª Conferência Estadual dos Bancários de São Paulo, realizada neste sábado (27), em São Paulo, reuniu 332 delegados, dos 14 sindicatos que compõem a base da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo (Fetec-SP), para definir o plano de lutas que será levado para a Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, no próximo final de semana.

Os delegados mostraram sua disposição para enfrentar as lutas que estão por vir. A Conferência Estadual reafirma a disposição da categoria na luta pela manutenção dos direitos e contra os retrocessos. “As propostas apresentadas na 21ª Conferência Estadual e aprovadas pelos delegados visam preservar os direitos dos bancários e organizar a categoria no enfrentamento contra as armadilhas do atual governo. Agora faremos a discussão da pauta aprovada em São Paulo na Conferência Nacional”, comentou Aline Molina, presidenta da Fetec-SP. Também foram eleitos os delegados para a Conferência Nacional dos Bancários.

Conjuntura

A mesa de análise da conjuntura contou com a participação do professor Moisés da Silva Marques, diretor acadêmico da Faculdade 28 de Agosto, do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Altamiro Borges (Miro), presidente Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé” e responsável pelo Blog do Miro.

Segundo o professor Moisés, o movimento sindical precisa entender a revolução tecnológica e se reinventar para dialogar principalmente com os jovens das gerações que já nascem dominando as novas tecnologias.

Ele diz que há hoje, no Brasil, 404 fintechs operando, que seriam uma revolução tecnológica sem precedentes, alterando profundamente o sistema financeiro e o trabalho bancário. A tecnologia muitas vezes já substituiria a inteligência humana, embora não tenha, ainda, conseguido adquirir consciência.

Para Miro, algumas das causas para situação atual são: a crise prolongada do capitalismo, concentrando cada vez mais a riqueza e reavivando uma onda nacionalista; a falta de sucesso das alternativas de resposta a essa crise, e a desestruturação das classes sociais. “A situação tem piorado no Brasil. A onda ultraliberal somou-se à onda ultraconservadora global e demonstrou, mais uma vez, que o neoliberalismo não combina com a democracia”, concluiu.

Reestrutura bancária

A economista Cátia Uehara, técnica do Dieese, participou da mesa que debateu reestruturação bancária e os impactos para a categoria. Foram apresentados dados que mostram que os bancos investem pesadamente em tecnologia, ficando em segundo lugar no Brasil e no mundo nesse ranking. Desde 1994, os bancos brasileiros investiram R$ 97,7 bilhões, especialmente em software.

O processo de reestruturação nos bancos não é novo, mas vem sendo vivenciado de forma diferente ao longo dos anos. A marca do período atual relaciona-se com a chamada indústria 4.0. “A utilização massiva da internet, do compartilhamento de dados, da inteligência artificial, de plataformas digitais, que serão inseridos em vários âmbitos da vida, desde o uso de tecnologias financeiras em plataformas digitais é cada dia mais comum”, disse a economista.

Efeitos da indústria 4.0 nos bancos

No sistema financeiro, o impacto da indústria 4.0 pode ser percebido na ampliação das transações financeiras digitais; na digitalização das áreas de apoio, como caixas eletrônicos; no uso da inteligência artificial; nos novos modelos de negócios, como bancos plataforma ou totalmente digitais (como Inter e Next) e também nos novos modelos de trabalho, como o home office.

O número de transações via celular passou de 48,8 bilhões em 2014 para 78,9 bi em 2018, número que corresponde a 40% das transações bancárias. Somadas operações por mobile e internet banking, esse percentual chega a 60%. Já nas agências, o volume de transações é de 5%. Enquanto isso, o número de contas abertas por celular passou de 1,6 milhão para 2,5 milhões.

Segundo Cátia, o uso do smartphone foi uma forma importante que os bancos encontraram para reduzir custos, e diversas novas tecnologias estão sendo desenvolvidas nesse sentido, a exemplo de aplicativos de pagamento que poderão ser baixados no celular e utilizados por pessoas que sequer têm conta bancária, mas que poderão fazer transferências e pagamentos por QrCode, por exemplo.

Emprego

O impacto da reestruturação bancária para os empregos no setor também foi destacado. Segundo dados do CAGED – entre 2013 e 2018, temos um saldo negativo de 60 mil postos de trabalho no setor bancário, considerando a diferença entre o número de admissões e de demissões no período. Em 2018, o corte de postos de trabalho foi de 3 mil, e de janeiro a março de 2019, 1.655 – quase a metade do saldo alcançado em todo o ano de 2018.

“É preciso refletir sobre a ação sindical diante desta nova realidade e repensando as formas de combate à exploração do trabalho bancário, um desafio que deve envolver não só a categoria bancária, mas todos os trabalhadores”, explica Cátia Uehara.

Previdência

A consulta realizada na categoria pelos sindicatos filiados à Federação dos Bancários da CUT de São Paulo (Fetec-CUT/SP) apontou que a grande maioria da categoria bancária não apoia as principais medidas apresentadas pelo governo federal, como a reforma da previdência e a privatização dos bancos públicos. A consulta ouviu quase 6 mil bancários no estado.

A compilação das respostas da pesquisa foi apresentada pelo secretário de Formação da Fetec/SP, Isane Pereira da Silva, responsável pela sistematização dos resultados.

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