Bancários vãos às ruas para defender a Caixa 100% pública

Objetivo é mostrar os prejuízos que a fragilização do banco pode causar à sociedade e aos empregados; principal enfoque será a venda da Lotex
Leilão da Lotex
Reprodução

Bancários de todo o país realizam na sexta-feira (26) um Dia Nacional de Luta em Defesa da Caixa. Em reuniões com os empregados do banco nos postos de trabalho e atividades de rua com a população serão distribuídos materiais de formação e informação sobre a importância da manutenção do banco 100% público. O principal enfoque das atividades será a luta contra a venda da Lotex, cujo leilão foi adiado pela quinta vez. Agora foi agendado para o dia 9 de maio.

“Vamos deixar claro para os empregados e para a população que o leilão da Lotex é parte de um pacote que visa fragilizar a Caixa. A atual direção do banco já afirmou que a Caixa é puxa-fila das privatizações. Querem vender todas as operações mais rentáveis para deixá-lo sem poder de ação e, nas palavras do ministro da Economia, pronto para a privatização”, afirmou a dirigente e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na mesa de negociações com a Caixa, Fabiana Proscholdt.

A dirigente da Contraf-CUT disse também que as atividades têm o objetivo de mostrar os prejuízos que a fragilização da Caixa pode causar à sociedade e aos empregados.

“A fragilização é o primeiro passo para a privatização. Isso significa a perda da estabilidade no emprego, mas, muito mais do que isso, significa que a população será privada de serviços bancários e de políticas sociais na área da habitação, da educação, do esporte e tantas outras que são realizadas com parte da arrecadação da Lotex”, explicou Fabiana.

“Além disso, os bancos privados não têm interesse em prestar serviços para a população menos favorecida e tampouco se instalar em cidades e bairros afastados dos grandes centros comerciais e financeiros. Dias atrás a imprensa divulgou que é cada vez maior o número de cidades sem agências bancárias e mostrou os prejuízos que isso traz para a população e para a economia dessas localidades”, completou.

Intensificação da luta

O coordenador Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Dionísio Siqueira, ressaltou que o processo de debates com os bancários da Caixa e a população sobre a defesa dos bancos públicos será intensificado a partir do dia 26, em preparação do ambiente para o dia 9 de maio. “Temos que mostrar a gravidade do desmonte e do fatiamento da Caixa. Além de ser uma importante fonte de financiamento do povo e do desenvolvimento do país, o banco é o implementador e gestor de diversos programas e políticas sociais do governo federal”, disse.

“Vamos reforçar a resistência e a luta em defesa do banco, que é também a defesa da sociedade. Convidamos todos os empregados e toda a população a participar dessa mobilização. Só a luta nos garante”, concluiu.

Do dia 29 (segunda-feira) até o dia 8 de maio, os bancários farão atividades diárias para denunciar o fatiamento da Caixa e o desmonte dos bancos e demais empresas públicas. Também serão denunciados os ataques aos direitos dos trabalhadores, como os previstos na reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro. No dia 9 de maio, data agendada para o leilão da Lotex, será realizado um novo Dia Nacional de Luta em Defesa da Caixa.

Materiais a serem distribuídos

Nas atividades, os bancários vão distribuir um panfleto que denuncia a tentativa de privatização da Caixa e mostra a importância do banco público para sociedade, além de uma cartilha com detalhes sobre as loterias da Caixa elaborados pela Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa (Fenae) e pela Contraf-CUT.

Em 2017, as loterias da Caixa arrecadaram quase R$ 13,9 bilhões. Desse total, cerca de R$ 5,4 bilhões foram transferidos aos programas sociais do governo federal relacionados à seguridade social, à educação (Fundo de Financiamento Estudantil- Fies), ao esporte (Ministério do Esporte, Comitê Olímpico Brasileiro, Comitê Paralímpico Brasileiro e clubes de futebol), à cultura (Fundo Nacional da Cultura), à segurança (Fundo Penitenciário Nacional) e à saúde (Fundo Nacional de Saúde), o que corresponde a 37,1% do total arrecadado. Caso a Loteria Instantânea seja privatizada, o repasse social deverá ser reduzido para 16,7%.

No ano passado, o Fies recebeu R$ 730 milhões para financiamento de cursos superiores para estudantes, principalmente de famílias de baixa renda. Já para o Fundo Nacional de Cultura os repasses foram de aproximadamente R$ 387 milhões.

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