“O centro da reforma da Previdência é um divisor de águas, ou vamos para a era da igualdade, ou para a barbárie”, afirmou o ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, em seminário realizado no Sindicato dos Bancários do Piauí (SEEBF-PI), no último sábado (30).
O evento reuniu ainda a economista técnica do DIESSE, Vivian Machado, a vice-governadora Regina Sousa, e os deputados federais Assis Carvalho e Júlio César debatendo sobre a previdência e a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento do país. O seminário contou ainda com a presença do deputado federal Merlong Solano e do deputado estadual Franzé Silva.
O presidente do SEEBF-PI, Arimatea Passos ressaltou a importância do debate para o esclarecimento sobre o tema. “Vejo como uma grande oportunidade esse seminário, procurando envolver toda a rede sindical, a população e o movimento social para que possamos criar mecanismos para entender e nos defender do que está sendo proposto como reforma para a Previdência, para fortalecer essa rede de resistência e defesa da seguridade social brasileira”, afirmou.
Carlos Gabas afirmou que a PEC 6/2019 acaba com a solidariedade, destruindo Seguridade Social, prejudica os mais pobres, entrega a Previdência para os bancos privados e não há dialogo com quem será atingido por ela. Segundo Gabas, essa não é uma reforma, é um ajuste fiscal que coloca na conta do trabalhador todo o desequilíbrio das contas públicas.
“O que ele está propondo agora é uma redução absurda de direitos. Basta dizer que ele quer reduzir o benefício de idosos pobres, deficientes pobres de um salário mínimo para R$ 400 reais, e ao mesmo tempo mantém benefícios para empresas petrolíferas estrangeiras que não pagam contribuições. Só com essa isenção das petrolíferas estrangeiras nós estamos abrindo mão de R$ 1 trilhão de reais de impostos. Porque temos que isentar empresas petrolíferas estrangeiras e reduzir o benefício do idoso pobre, quê que justifica isso?”, questionou Gabas.
O ex-ministro explicou que o problema se resolve com a retomada da atividade econômica do país, empregos com carteira assinada e cita como exemplo, o período de 2015. “Vamos voltar a 2015 em que tínhamos um superávit nas contas urbanas. O que aconteceu de 2015 para cá? aumentou o desemprego e caíram as contribuições dos empregados e empregadores. Precisamos primeiro retomar a economia do país, esse é o ponto fundamental. Segundo ponto, acabarmos com privilégios. Essa reforma não acaba com nenhum privilégio, continuaremos com supersalários, com gente ganhando mais de R$ 200 mil por mês, sobre isso ele não mexe uma vírgula. Nós queremos discutir isso”.
Despreparo do Governo Bolsonaro
Gabas ressaltou ainda o despreparo do Governo Bolsonaro, que não dialoga nem com a sociedade, nem com o Congresso. “Apesar de o presidente ter sido deputado por 27 anos, foi um deputado ausente e não conhece a tramitação do Congresso. Se eu fosse presidente da república e tivesse que aprovar uma reforma importante como essa eu iria dialogar com o Congresso e não ficar trocando farpas pelo twitter. Isso é uma coisa infantil que não contribui para o diálogo, nem para o andamento das coisas como devem ser”, afirmou.
O ex-ministro afirmou ainda que o governo mente e esconde números. “A Previdência não é problema para o país, é a solução. O governo mente ao dizer que as contas estão deterioradas, que tem um rombo enorme, que é insustentável e que o sistema está falido. Isso porque ele quer entregar a Previdência aos banqueiros, privatizar o sistema como foi feito no Chile e que não deu certo, gerou desemprego, desproteção social, aumentou o suicídio entre idosos. Esse modelo não interessa para o Brasil”, disse.
A vice-governadora do Piauí, Regina Sousa, destacou a importância de amplificar esse debate para toda a sociedade, de ir para as ruas. “A gente tem que levar o debate para a rua. Aqui é uma espécie que capacitação. Todo mundo que está aqui sai com a obrigação de fazer esse diálogo lá fora, principalmente, com as pessoas da periferia. Ninguém vai lá dialogar com eles, eles não vêm aqui assistir uma palestra dessas. Temos que ir para a rua, para rua entender onde é que ela se prejudica. A gente fala contra, mas o governo federal tem muito mais meios para falar a favor e quem não tem a visão mais aprofundada do assunto acaba acreditando”, enfatizou Regina.
O deputado federal Assis Carvalho (PT) também afirmou que a reforma não mexe com privilégios. “Tenho uma posição clara e objetiva contra a reforma da previdência. A reforma da previdência tem como finalidade fazer a capitação de R$ 1 trilhão durante dez anos para aplicar no sistema financeiro e nós não estamos preocupados com o sistema financeiro. Estou preocupado que a aposentadoria chegue lá na mão do trabalhador rural, da trabalhadora rural, da mulher e do homem do campo e da cidade. Por tanto, a minha posição é de combate a essa proposta do governo Bolsonaro que é um desgoverno, não apresenta nada para o desenvolvimento do nosso país”, afirmou Assis.