Vitória (ES): Bancários retardam abertura de prédio do BB

Na manhã desta quinta-feira, 14, bancários e bancárias capixabas paralisam até as 11h as atividades do prédio do Banco do Brasil na Pio XII, no centro de Vitória, onde funciona a sede administrativa do banco e agências. O protesto é contra o assédio moral.

Denúncias de funcionários dão conta de que o banco tem rebaixado deliberadamente as notas dos empregados no programa de avaliação interna (GDP) para justificar descomissionamentos. A paralisação aconteceu em todo o país e fez parte de um dia nacional de luta dos empregados do BB.

“Essa onda de descomissionamentos não começou agora, todos nós conhecemos o terror que é chegar no banco e poder encontrar a qualquer momento uma carta de rebaixamento. A pressão para cumprir metas é enorme e o banco se utiliza do descomisisonamento como ameaça. Hoje estamos aqui para questionar: até quando vamos trabalhar assim?”, disse o diretor do Sindicato Dérik Bezerra, empregado do BB.

O GDP é um programa com ciclos semestrais de avaliação que são usados como critério para o corte de funções, que só pode acontecer caso o empregado tenha três avaliações negativas consecutivas – regra que está prevista no Acordo Coletivo dos funcionários.

A avaliação, no entanto, deveria ser coletiva e voltada para o aprimoramento profissional, de maneira que os pontos fortes dos empregados fossem destacados e os problemas ou deficiências de trabalho fossem identificados, para daí propor soluções, como cursos de qualificação, reorientação profissional etc.

Na prática, segundo relatos dos funcionários, gestores e empregados estão sendo orientados pelas superintendências a avaliarem negativamente os colegas de trabalho, para que as notas negativas possam servir de justificativa para descomissionar quem o banco quiser, sem critérios claros para isso. E se antes era necessária uma avaliação em 360°, ou seja, envolvendo os gestores e demais funcionários, agora basta uma nota baixa do superior para que o banco possa efetuar o descomissionamento.

Denúncia

O Sindicato já recebeu denúncias até de anotações falsas na avaliação dos empregados, só para rebaixar a avaliação deles. A entidade anunciou que criará um canal de comunicação específico para acolher novas denúncias, que possam subsidiar ações políticas e jurídicas contra o assédio moral no BB.

O diretor Thiago Duda destacou a importância de compartilhar o máximo de provas e de não se calar. “O Sindicato precisa de informações e relatos que documentem a prática de assédio no banco, que sabemos, é institucional. Muitos bancários têm medo de se expor ao denunciar, mas se ficarmos em silêncio, essa realidade permanecerá a mesma” disse. Thiago lembra ainda que o Sindicato garantirá o sigilo de identidade dos bancários que utilizarem o canal de denúncias, que será divulgado em breve.

Adoecimento

O clima de pressão para o cumprimento das metas e o medo de receber uma avaliação negativa é generalizado nas unidades do banco e tem elevado o estresse dos funcionários. Não à toa os índices de adoecimento na categoria estão subindo. O número de bancários afastados por doença cresceu 30% entre 2009 e 2017, chegando a 17.310 no País. E mais de 50% dos afastamentos são em função de adoecimento mental.

Lucro

Não é só o adoecimento da categoria que está alto. O BB divulgou hoje os resultados de 2018.  O lucro ajustado foi de R$ 13,513 bilhões, alta de 22,2%, enquanto o lucro contábil foi de R$ 12,862 bi – alta de 16,8%. Só no quarto trimestre de 2018 o lucro líquido do banco chegou a R$ 3,845 bilhões, uma alta de 20,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. É o banco lucrando em cima da exploração do trabalho e do adoecimento dos seus empregados.

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