(São Paulo) Reunião realizada no Comitê de Relações Trabalhistas do Santander Banespa na terça-feira (20) discutiu parte dos itens da pauta apresentada pelos trabalhadores. A instância, composta pela comissão de empregados e pela superintendência de relações trabalhistas da empresa, reúne-se a cada três meses para debater problemas enfrentados pelos trabalhadores do banco.
Na negociação de ontem, 12 pontos foram debatidos. A Contraf-CUT e o banco vão agendar uma nova reunião nos próximos dias para debater os demais temas que constam na pauta.
Veja o encaminhamento dos itens discutidos:
1) Contratações
A necessidade de contratações foi apontada pelos trabalhadores como urgente em toda a rede. O resultado, além da pressão sobre os funcionários, é o recorde absoluto de reclamações do atendimento junto ao Banco Central em 2006 e no início deste ano. A responsabilidade pelos problemas é do excesso de trabalho. Em um dos casos citados, a agência da Clodomiro Amazonas, em São Paulo, a situação era especialmente crítica, e o banco garantiu que as contratações já estão sendo realizadas. A medida é um avanço, mas o que preocupa os dirigentes é o conjunto da rede. Uma solução foi duramente cobrada pela Contraf-CUT.
2) Problemas na CEF com extratos e saques do FGTS
Devido às mudanças de razão social realizadas por causa de fusões e aquisições, alguns trabalhadores tem duas ou até três contas do FGTS, atreladas aos diferentes CNPJs utilizados nos últimos anos. Em alguns casos, saques realizados não constavam na movimentação registrada pela CEF. O banco afirma já ter contatado a Caixa Econômica Federal, e prometeu fazer nova atualização dos dados para sanar o problema. Os trabalhadores ficarão atentos para saber se o desencontro de fato será resolvido. Em caso de problemas, informe o seu Sindicato
3) Cobrança de metas de produção para os caixas
A cobrança de metas por caixas não é autorizada pelo banco. A posição foi reafirmada na reunião de ontem. “Apesar disso, constatamos que, em algumas agências, até os estagiários estão sendo cobrados por metas, o que é absurdo”, afirma Marcos Benedito suplente da executiva da Contraf-CUT, e membro da Comissão dos Empregados do Santander Banespa. Diante da existência da prática indevida, o banco se comprometeu a reorientar a rede e os gerentes regionais. Segundo os representantes da empresa, uma cartilha chegou a ser produzida com essa orientação. A Contraf-CUT pediu exemplares do material para poder dialogar com os gerentes nos locais de trabalho. Em caso de abuso, denuncie a seu Sindicato.
4) Extrapolação da Jornada de Trabalho
O banco considera absurda a extrapolação da jornada. Afirmou que a prática não é uma orientação da direção da empresa. A Contraf-CUT exigiu ação mais incisiva a respeito, o que fez o banco prometer uma mudança relacionada ao login dos computadores de cada funcionário. A idéia é que, ao registrar sua saída no ponto eletrônico, o login será “derrubado” e o equipamento desligado, o que inviabiliza a continuidade no trabalho. Os Sindicatos e a Contraf-CUT estarão atentos na fiscalização da implantação da medida.
5) Falta de ponto eletrônico em PABs
O banco ainda não instalou ponto eletrônico para o registro do horário de trabalho nos postos de atendimento
6) Assédio Moral/Pressão
A Contraf-CUT reafirmou o absurdo que é a prática do assédio moral, de submeter pessoas à pressão sem limites e a humilhação. O resultado são doenças ocupacionais e problemas psicológicos que afastam os bancários do trabalho. O banco se sensibilizou com a questão e disse não concordar com a prática. Prometeu, por isso, inserir orientações para pôr fim ao assédio no treinamento de gestores, o que pode evitar que a política seja desenvolvida. Objetivo é mudar a atitude, o comportamento e a postura dos gestores no local do trabalho. A Confederação e os Sindicatos estarão atentos.
7) PCS
A falta de transparência e clareza de alguns aspectos do Plano de Cargos e Salários (PCS) foi criticada pela Contraf-CUT. As distorções salariais e a criação de falsas expectativas também foram apontadas como problemas. O banco afirma que a estrutura do PCS já está implantada, mas vai orientar a rede para evitar distorções e informações que não confiram com a realidade.
8) Segurança nas Agências
Com a política de redução de despesas na área de segurança, o Banco vem reduzindo o número de seguranças nas agências. A reivindicação dos trabalhadores é o reforço dos procedimentos e do contingente de segurança nas agências garantindo a segurança de clientes e funcionários. Uma prova do problema é o número de autuações da Comissão Consultiva da Polícia Federal (CCASP). O órgão tem participação da Contraf-CUT pelo lado dos bancários, da Fenaban, pelos bancos, e de outras entidades representantes de empresas de segurança e de sindicatos de vigilantes. A constatação da CCASP foi a ausência ou funcionamento inadequado de itens obrigatórios de segurança em diversas agências do Santander Banespa. Há pedidos até de interdição de agências. O banco se mostrou muito preocupado com a questão e prometeu levantamento da situação com objetivo de resolver o problema.
9) Acesso do Sindicato aos locais de trabalho
A demanda é que os dirigentes sindicais tenham acesso ao Santander Cultural e às Concentrações. A restrição configura prática anti-sindical. O banco propôs reunião para discutir a questão em Porto Alegre e São Paulo.
10) Grupo de Ocorrências Especiais (GOE)
Os auditores que compõem o GOE freqüentemente se excedem nas entrevistas com trabalhadores sobre os quais recaia alguma “suspeita” de terem contrariado regras do banco. “Além da violência sofrida pela vítima de assalto ou seqüestro, não faz sentido o funcionário ainda ser constrangido por suspeitas infundadas. O GOE tem feito terrorismo”, acusa Marcos Benedito. Exigiu-se também mudanças nos procedimentos. O Santander Banespa ficou de estudar o caso.
11) Fale com o RH
Como diversos questionamentos feitos por trabalhadores por meio do “Fale com o RH” ficam sem resposta, a Contraf-CUT exigiu mais eficiência e cuidado no trato. O banco diz que grande parte das perguntas já estaria respondida na Intranet ou em outros canais de comunicação institucionais. Os sindicalistas reiteraram que a culpa não pode ser atribuída ao trabalhador e que, como o banco oferece o serviço, tem que dar conta das demandas. Isso quer dizer que é necessário preparar melhor a quem atende os trabalhadores.
12) Fechamento de agências pioneiras
A informação de que o banco estaria iniciando um processo de fechamento de agências pioneiras trouxe um ponto novo à pauta. Banco disse que tem uma política de reposicionamento comercial, o que significa que, da mesma forma que agência são fechadas, outras são abertas. A Contraf-CUT sustenta que o banco precisa manter uma política de reaproveitamento interno de trabalhadores, dar oportunidade para os funcionários, na maioria com mais de 20 anos na empresa, que terão dificuldades para se reposicionar no mercado de trabalho. “Até entendemos a estratégia de mercado, mas tem que ter a preocupação com o ser humano, com o trabalhador”, lembra Marcos Benedito.
Fonte: Contraf-CUT