Revista do Brasil: sindicatos protestam pela liberdade de expressÆo

(São Paulo) Os sindicatos parceiros responsáveis pela Revista do Brasil realizam nesta quarta-feira, dia 9, ato público contra a proibição de divulgação do primeiro número da revista. A censura partiu de uma representação apresentada pela coligação PSDB/PFL contra a revista e a Central Única dos Trabalhadores regional São Paulo – um dos 23 parceiros – alegando que ela trazia propaganda de cunho eleitoral. O TSE acatou a representação, multou a entidade em R$ 21 mil e mandou tirar do ar no sítio da internet.

 

A Revista do Brasil é produzida por 23 dos maiores sindicatos do país e nasceu da fusão de outras revistas mantidas por algumas dessas entidades. Foi lançada em maio e tem por objetivo fazer chegar aos cerca de 360 mil associados a esses sindicatos informação de qualidade apresentada sob a ótica dos trabalhadores.

 

Uma das reportagens contestadas pela coligação tucano/pefelista trazia dados e entrevistas com responsáveis por pesquisas de opinião, explicando porque, apesar de toda crise política, o presidente Lula continuava sendo o preferido dos eleitores brasileiros. A outra, informava que o estado de São Paulo era o único da União a não sofrer qualquer tipo de fiscalização em sua Assembléia Legislativa, durante toda a gestão de Geraldo Alckmin: há 69 pedidos de CPI´s arquivados. Nesta quarta, dia 2, decisão do Supremo Tribunal Federal mandou alterar a regra da casa e instalar CPI´s que tenham pelo menos um terço dos votos dos parlamentares – e não a maioria em plenário, como era antes.

 

“As reportagens são todas baseadas em fatos, em dados e não têm nada de eleitoreiras. Nosso objetivo é dar espaço e voz aos problemas e à realidade dos trabalhadores”, afirma Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, um dos parceiros da revista que, além de política, traz reportagens sobre o mundo do trabalho, cidadania, comportamento, ciência e tecnologia, história, saúde, futebol, viagem, dicas culturais.

 

“Nossa revista aborda vários temas, todos sob a ótica do trabalhador. Outras revistas abordam questões como política e economia muitas vezes de forma ofensiva aos partidos e políticos de esquerda, aos sindicatos e aos trabalhadores, e são tratadas dentro dos parâmetros da liberdade de imprensa. Por que está sendo diferente nesse caso?”, questiona José Lopez Feijóo, presidente de outro sindicato parceiro, os metalúrgicos do ABC.

 

Marcolino e Feijoó são os diretores responsáveis pela revista.

 

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo, já se manifestou e disse que considera inconstitucional a decisão de proibir a circulação da primeira edição da revista. “Trata-se de uma exorbitância do TSE, porque a Constituição é clara quando diz que a lei não poderá constituir nenhum empecilho à liberdade de expressão do pensamento por qualquer meio de comunicação.”

 

O ato, para o qual foram convidadas várias entidades que defendem a liberdade de imprensa e os direitos humanos, acontece em frente à sede da prefeitura de São Paulo, um dos espaços onde a coligação tucana/pefelista está instalada na cidade. A imprensa internacional também foi avisada da tentativa de cerceamento à liberdade de expressão dos trabalhadores.

 

Fonte: Cláudia Motta – Seeb SP

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