Greve dos bancários conta com a compreensão e o apoio da população

Apesar de eventuais transtornos, clientes apoiam greve dos bancários

A greve nacional dos bancários continua contando com a compreensão e o apoio de clientes. Em parte porque os trabalhadores estão garantindo atendimento especial aos aposentados, mas também porque as pessoas, informadas sobre os lucros astronômicos dos bancos, concordam que a proposta dos banqueiros à categoria é baixa.

Para o administrador de empresas, Sérgio Luiz Colletti, 59 anos, o que os bancos ofereceram aos bancários (apenas os 4,29% de reposição da inflação) é um absurdo.

“Com os lucros que os bancos têm ano a ano, não é possível que eles não melhorem o atendimento ao público e as condições de trabalho de seus funcionários. Porque uma coisa está diretamente ligada à outra: se a carga de trabalho do funcionário é elevada e ele não ganha um salário digno, consequentemente ele não vai poder prestar o atendimento adequado ao público”, ressaltou Colletti, lembrando ainda que “só com as tarifas que os bancos cobram dos clientes daria para dar aumento real aos funcionários”.

Na terça-feira 5, o administrador esperava pacientemente pela abertura de uma agência do Bradesco, no Centro, que teria funcionamento parcial para atendimento de aposentados. “Apesar dos contratempos, sou totalmente favorável à greve, que é uma forma legítima de reivindicação”, declarou.

Colletti se disse ainda impressionado com o auxílio que os grevistas prestavam aos clientes. “Eles estão em greve, mas nem por isso deixam de prestar informações aos correntistas. Chegam para instruir e não para fazer propaganda da greve. Quero ressaltar aqui que isso é um mérito do comando do movimento.”

Atendimento

“Pelo menos um caixa em cada agência vai atender pensionistas e aposentados, pois a greve não pode impedir que eles recebam seus benefícios”, informou o dirigente da Fetec-CUT/SP Rodolfo Conde, que participou nesta terça-feira 5 da mobilização nas agências bancárias de Itapecerica da Serra, Embu das Artes, Embuguaçu e São Lourenço da Serra.

No Centro de São Paulo também foi assim. O aposentado Carlos Gonçalves, 62 anos, foi um dos atendidos nesta terça, numa agência do Bradesco na República. Ele contou que a greve não complicou seu dia porque todo mês é a mesma coisa, chega às 10h na agência e enfrenta uma imensa fila para receber sua aposentadoria. Disse ainda que se assustou com as notícias que vêm circulando na TV sobre a greve.

“Acho uma tremenda sacanagem o que os bancos fazem com os funcionários. Eles ganham muito em cima da gente e ainda não pagam salário justo aos seus empregados. Concordo com a greve. Só não concordaria se realmente estivesse tudo parado. Tem fila para receber aqui hoje, mas isso é sempre. Todo mês está assim. A greve não atrapalha em nada.”

Ex-bancário

Cliente do Itaú Unibanco, o ex-bancário José Araújo, 56 anos, também manifestou seu apoio à greve. “Acho a greve justa. Todas as categorias deveriam lutar pelos seus direitos, infelizmente os bancários são coagidos pela direção dos bancos para não aderir à greve. Fui bancário do Noroeste (adquirido pelo Santander) por 13 anos e sei como é isso.”

Ele também se diz surpreso com a recusa dos bancos em negociar. “O lucro do banqueiro é imenso. E esse lucro estrondoso não é repassado de forma justa a seus funcionários. Bancário sofre. Ouve-se reclamações dos clientes e pressão dos gerentes pelo cumprimento de metas, e ganha-se muito pouco para isso”, conta o ex-bancário, hoje administrador de empresas.

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