(São Paulo) Durante a rodada de negociações desta terça-feira, a Contraf-CUT apresentou aos banqueiros os resultados da pesquisa sobre o assédio moral na categoria bancária, realizada pelos sindicatos de todo o País entre o final de 2005 e o início deste ano. Além dos resultados, foi entregue à Fenaban um documento que analisa a pesquisa.
“O assédio moral é hoje um dos principais problemas enfrentados pela nossa categoria. Segundo a pesquisa, 40% dos trabalhadores admitem que já passaram por algum tipo de situação constrangedora no banco. Cruzando essas informações com as freqüências relatadas, chegamos à conclusão de que 32 mil bancários estão sofrendo com o assédio moral”, explica Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT.
O dirigente destaca que a pesquisa revelou que 60,72% dos entrevistados sofrem problemas psicológicos e vários problemas de somatização, como nervosismo, tensão, preocupação, cansaço, tristeza, insônia e dores de cabeça.
Para ele, o assédio moral é um problema grave e “desde o início da pesquisa nosso objetivo era colocar o tema como um dos eixos principais desta Campanha Nacional. Conseguimos uma importante vitória ao arrancar dos banqueiros o compromisso de estabelecer uma mesa de negociação sobre esta questão”, afirma.
A pesquisa
A pesquisa sobre o “Assédio Moral no Trabalho: Impactos sobre a Saúde dos Bancários e sua Relação com Gênero e Raça” foi realizada com uma amostra de 2.609 bancários de 25 estados.
Um dos dados mais intrigantes desta pesquisa revela que o medo e o silêncio ainda tomam conta do trabalhador. Apenas 5,2% dos bancários que sofreram o assédio falaram sobre o assunto com alguém. Desses, a maioria (59,5%) busca apoio na família, enquanto 44,5% falam com amigos, 32,7% comentam com um colega de banco e somente 19,5% procuram o sindicato.
O estudo apontou ainda alguns fatores que podem resultar no assédio moral, como o excesso de trabalho, reclamado por 19,66%, e a pressão da chefia (12,73% afirma que o chefe prejudica a sua saúde, 10,35% diz que o gestor dá instruções confusas e imprecisas e 9,51% reclama que o chefe pede trabalhos urgentes sem nenhuma necessidade).
A pesquisa revelou também as principais formas de constrangimento que os bancários sofrem: chefe não lhe cumprimenta e nem fala mais com o subordinado; chefe atribui erros imaginários; chefe bloqueia o andamento dos trabalhos; manda cartas de advertência protocoladas; impõe horários injustificados; o chefe ignora a presença do bancário na frente dos outros; fala mal do funcionário em público; manda executar tarefas sem interesse; circula maldades e calúnias; transferência de setor para isolar o bancário; proíbe os colegas de falar ou almoçar com o empregado e até força o trabalhador a pedir demissão.
Os bancários entrevistados ainda apontaram alguns fatores que favorecem o assédio moral. Para 70,97% dos entrevistados falta pessoal no banco. A sobrecarga excessiva de trabalho foi reclamada por 54,66%. A extrapolação da jornada foi apontada por 27,36%. Outra questão é competição entre as pessoas (34,09%).