(Brasília) Um ano após o lançamento da Campanha Mundial pela Reforma Agrária, o tema chega ao continente em que a agricultura tem maior peso. Seis em cada dez trabalhadores africanos vivem no campo. Destes, 60% produzem apenas para subsistência. Uma atividade no 7º Fórum Social Mundial, em Nairóbi, marcou o lançamento na África da campanha, iniciada ano passado, em Porto Alegre, durante Conferência sobre Reforma Agrária da Organização da Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO).
Por essa situação, Geraldo Fontes, do coletivo de relações exteriores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), considera importante a chegada da campanha à África. “Já havíamos lançado mundialmente a campanha em Porto Alegre, mas ela envolvia mais latino-americanos e asiáticos, agora chega finalmente à África”, explica.
A inserção dos africanos na campanha mundial é considerada positiva por Oduor Ong’wen, do Instituto de Informação sobre Negociações Comerciais, uma das 44 organizações quenianas que formam o Comitê Organizador do encontro. “Nós, africanos, vivemos tão inseridos em nossos problemas que perdemos a dimensão mundial que eles têm. O maior ensinamento do Fórum Social para nós foi ver que os problemas que vivemos na África são os mesmos dos pobres latino-americanos e asiáticos”, afirma.
A campanha consiste em manifestações pela desapropriação de terras, em cada país, no dia 17 de abril, aniversário do massacre de Eldorado de Carajás, escolhida como dia mundial de luta pela reforma agrária. Mas um de seus principais pontos é a denúncia de casos de violência no campo, afirma Indra Lubis, da Federação de Sindicatos Rurais da Indonésia. “Em cada encontro, vemos que os casos de assassinatos de agricultores que lutam pela desapropriação de terras é um problema generalizado, no Brasil, Indonésia, ou África”.
Fonte: Daniel Merli , a Agência Brasil