(Brasília) A dívida líquida do setor público cresceu US$ 531 milhões em janeiro, elevando o estoque de títulos devedores para R$ 1.067 bilhões. Mesmo com o crescimento, a dívida ficou menor em comparação com a economia brasileira. O total de títulos que o país deve, hoje, corresponde a 49,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em dezembro, a relação era de 50%.
A redução aconteceu basicamente “por força do superávit primário de janeiro e da menor carga de juros da dívida”, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, ao divulgar o relatório de Política Fiscal de janeiro. A isso deve-se acrescentar também a valorização do próprio PIB, que foi de 0,3 pontos percentuais, de acordo com o economista do BC.
Altamir disse que a despeito do superávit consolidado (União, estados, municípios e empresas estatais) de R$ 13,457 bilhões, que foi o melhor até agora para meses de janeiro, “a relação dívida/PIB mantém tendência de queda, o que significa mais solidez econômica e maior solvência junto aos credores”. Otimismo que leva o BC a projetar relação de 48,8% no final do ano, em linha com as estimativas do mercado financeiro.
A economia que o país tem feito para pagar os juros da dívida, o chamado superávit fiscal, vem registrando “resultados expressivos”, segundo Altamir Lopes. Mas, ainda assim, não é suficiente para cobrir as despesas com o endividamento do país, apesar de a carga dos juros ter caído gradativamente na comparação com o PIB. Baixou de 10,92%, em janeiro do ano passado, para 7,90% em janeiro último.
O superávit fiscal acumulado dos últimos 12 meses chegou a R$ 100,535 bilhões, o que equivale a 4,79% do PIB (estimado em R$ 2,150 trilhões). Só que os juros nominais somaram R$ 156,025 bilhões (7,43% do PIB) no mesmo período, o que dá um déficit de R$ 55,5 bilhões (2,64% do PIB). Vale lembrar, no entanto, que o déficit (saldo negativo) de janeiro a dezembro de 2006 alcançou R$ 69,9 bilhões, que representavam 3,35% do PIB.
Houve, portanto, uma melhora significativa na composição das necessidades de financiamento, como lembrou Altamir. Em especial porque o acumulado de 12 meses se desfez do resultado relativamente fraco de janeiro do ano passado, quando o superávit foi de apenas RS$ 3,066 bilhões, por causa da concentração de pagamentos de precatórios do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e da capitalização da estatal Engea, no valor de R$ 1,9 bilhão. Isso, contra juros de R$ 17,928 bilhões naquele mês.
Fonte: Stênio Ribeiro, Agência Brasil