Cerca de 400 delegados, representantes dos quinze sindicatos filiados à Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (FETEC/CUT-SP) estiveram presentes, neste sábado (19), em São Paulo, durante a 10ª Conferência Estadual dos Bancários. Desafios da campanha, consultas realizadas junto aos bancários e apresentação de propostas para os eixos foram os temas contemplados no evento.
Em seu discurso de abertura, o presidente da FETEC/CUT-SP, Sebastião Geraldo Cardozo, saudou todos os participantes e desejou que as discussões do dia fossem encaminhadas num nível de maturidade e cordialidade para que a categoria saia unida e fortalecida nesta campanha nacional que se inicia. “É bom lembrar que todas as reivindicações expostas e aprovadas nessa conferência serão apresentadas na 10ª Conferência Nacional dos Bancários”, lembrou o dirigente sindical.
Seguindo a mesma linha, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Vagner Freitas, destacou a importância de se construir uma campanha unificada e com reivindicações viáveis e dentro da realidade. “Este é um momento importante da campanha nacional, pois o estado de São Paulo representa metade da categoria bancária no Brasil. Estamos num estado pujante e com um setor financeiro organizado. Por isso, temos a responsabilidade de definir uma campanha dentro da realidade e com reivindicações possíveis de serem conquistadas”, disse Vagner.
Para o presidente da CUT-SP, Edilson de Paula, a categoria bancária tem uma missão imp ortante dentro do movimento sindical porque serve de parâmetro para outras categorias que também estão em processo de negociação salarial. “A preocupação da categoria de construir uma campanha unitária em termos de representação dos trabalhadores, em nível nacional que não discrimina regiões e com mesa única de negociação que não diferencia os trabalhadores de bancos públicos e privados. Essas estratégias servem de referência para outras categorias que buscam mobilização e conquistas em suas campanhas salariais”.
A presidenta do Sindicato dos Bancários do ABC, Maria Rita Serrano, falou em nome de todos os outros sindicatos representados na mesa. Para ela, todas as campanhas são difíceis, porém neste ano o quadro é mais complicado haja vista os processos de fusões e incorporações. “Neste ano, em específico, teremos o desafio da garantia de emprego, mas tenho certeza de que, como nos anos anteriores, iremos nos mobilizar e conquistar uma campanha vitoriosa”, enfatizou.
Desafios – Na seqüência, o presidente da FETEC/CUT-SP tratou dos desafios que a categoria bancária encontrará durante o período da Campanha Nacional 2008. Um deles será a construção da Unidade Nacional, com a participação de todas as representações dos trabalhadores na mesa de negociação. “Esse é um elemento chave da nossa campanha porque o nosso enfrentamento vai se dar com todos os banqueiros unidos de um único lado da mesa. Isso faz com que eles adotem uma única postura e linguagem. Nós temos que seguir pelo mesmo caminho, lutando pela valorização da classe trabalhadora”, disse Cardozo.
O segundo desafio deste ano, conforme o dirigente sindical, será o processo eleitoral. “Esse processo traz elementos que poderá influenciar no resultado da campanha nacional. Isso porque, os interesses dos trabalhadores e dos patrões são antagônicos nas eleições. Além disso, é importante deixar claro que as campanhas, tanto nacional quanto eleitoral, são duas coisas distintas, mas que se dará no mesmo intervalo de tempo e com os mesmo atores”, destacou o presidente da FETEC/CUT-SP.
O presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, aproveitou a ocasião para fazer uma análise de conjuntura. “A situação dos bancos brasileiros vai muito bem, temos que dar menos atenção à economia internacional. Os banqueiros têm condições de atender às reivindicações da categoria de aumento real, reajuste maior para o vale-alimentação e valorização dos pisos”, disse.
Segundo o dirigente sindical, as operações de crédito no sistema financeiro passaram de R$ 738,46 bi em janeiro de 2007 para R$ 1,044 tri, em maio de 2008, crescimento de 41,43%, atingindo 36% do PIB. A receita de prestação de serviço subiu significativamente, apesar do tabelamento das tarifas, que não prejudicou o lucro dos bancos.
Consultas – Para encerar a primeira parte das atividades, o diretor executivo da FETEC/CUT-SP, Isane Pereira da Silva, apresentou o resultado das consultas realizadas junto aos bancários nas bases dos sindicatos, tendo uma média de 6 mil respostas no interior do estado e 7 mil na capital paulista.
Dentre as cláusulas econômicas, os bancários priorizaram aumento real, seguido por PLR maior e abono. Nas cláusulas sociais, a categoria deu ênfase ao aumento do vale alimentação, seguido por garantia de emprego, auxílio educação e auxílio creche. Em Saúde e Condições de Trabalho, os trabalhadores responderam que querem discutir metas abusivas, seguido de fim do assédio moral e violência organizacional e isonomia de direitos. No que se refere ao índice, a maioria dos bancários optou pela média de 15% a 10%. Já no que se refere a participação dos trabalhadores durante a campanha nacional, a maioria disse que participará das Assembléias, seguido por Dia de Protesto e Greve.
Bancários do Estado de São Paulo aprovam índice de 13,23%
No período da tarde, os delegados da 10ª Conferência Estadual dos Bancários discutiram e deliberaram propostas para os eixos “Emprego” e “Remuneração”. Também foram definidas as “Estratégias” que serão utilizadas pelas trabalhadores do ramo financeiro durante as negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
Na mesa de “Emprego”, as deliberações a serem encaminhadas à 10ª Conferência Nacional foram: o cumprimento da jornada de trabalho, a redução da jornada de trabalho para 5h, com dois turnos de trabalho e ampliação no horário de atendimento bancário, garantia de emprego. Com relação a contratação de mais funcionários, os bancários querem que se estabeleça um efetivo mínimo para o atendimento, em especial nas agências.
O movimento sindical bancário também vai negociar junto à Fenaban o programa de Aprendizagem, onde as contratações no sistema financeiro devem estabelecer como idade máxima 18 anos, com garantias dos direitos e benefícios da categoria bancária. Os trabalhadores do ramo financeiro ainda vão intensificar a campanha pela Ratificação da Convenção 158 da OIT.
“Vale ressaltar que estes foram os principais pontos em debate, sendo que todas as demais cláusulas da minuta, referentes ao eixo Emprego, serão mantidas”, comentou Adriana Pizarro Carnelós Vicente, diretora da FETEC/CUT-SP..
Já na mesa que tratou de “Remuneração”, os delegados priorizaram as seguintes reivindicações: valorização do piso da categoria, levando em consideração o mínimo estabelecido pelo Dieese de R$ 2.072,00 para o ingresso de escriturários e PLR (Participação dos Lucros e Resultados) maior. Ainda dentro dessa discussão, o que se propõe é um PCS (Plano de Carreira e Salários) para todos os bancários, independente de ser funcionário de banco público ou privado.
Em relação aos benefícios, os delegados definiram que tanto a cesta-alimentação quanto o vale-refeição tenham um reajuste maior, considerando que a inflação de alimentos está mais elevada que outros indicadores. “Já na discussão da contratação da Remuneração Total, foi aprovada uma estratégia de incorporar parcelas da remuneração variável à remuneração fixa do trabalhador.
Por fim, os delegados definiram um índice de 13,23% a ser reivindicado nesta campanha, que refere-se a inflação de 7,83%, projetada para o período de setembro de 2007 a agosto de 2008, mais 5% de aumento real de salário.
“Este anos, o Comando Nacional tem que dar continuidade ao processo de valorização do salário dos trabalhadores bancários. Essa é uma política que vem se demonstrando vitoriosa, com a conquista de aumento real nas últimas campanhas da categoria”, destaca Vagner de Castro, diretor financeiro da FETEC/CUT-SP.
A última mesa da Conferência Estadual tratou das “Estratégias”, sendo os pontos em destaque, a manutenção da Campanha Nacional Unificada, com mesas concomitantes para debates de questões específicas, e a unidade do Comando Nacional, convidando todas as Centrais Sindicais a comporem a mesa de negociação com a Fenaban.
Delegação paulista – No final do encontro foram eleitos os 239 delegados do Estado de São Paulo para a 10ª Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada entre os dias 25 a 29 de julho, no Hotel Holiday Inn, em São Paulo.