Bancários lembraram vítimas das demissões nas ruas da cidade
Ao som da marcha fúnebre, o cortejo em memória aos bancários vítimas das demissões marcou o Dia Nacional de Luta em Defesa do Emprego, em São Paulo. Em todo o Brasil, trabalhadores saíram às ruas nesta segunda-feira (13) para denunciar à população a falta de responsabilidade social do setor financeiro brasileiro, que é o que mais lucra no país e o que menos se compromete com a manutenção e criação de postos de trabalho.
O ato da Campanha Nacional 2012 também protestou contra a afirmação de negociadores da federação dos bancos (Fenaban), na rodada realizada no último dia 7, para os quais “o bancário não está preocupado com emprego”.
Todo o trajeto da passeata – da Avenida Paulista até as ruas do centro – foi marcado pelas palavras de ordem do “padre”, que, de maneira simbólica, lembrou as vítimas das demissões e cobrou dos bancos respeito aos trabalhadores e toda sociedade brasileira. “Banqueiro brasileiro, vendedor de ilusões, respeite o povo brasileiro acabando com as demissões”, entoava o cântico.
A passeata, com encenações que destacavam a tristeza e a preocupação do bancário demitido, levou também às ruas de São Paulo as principais reivindicações da categoria, além de esclarecer à população os “truques” praticados pelos bancos para aumentar os lucros. Aumento dos provisionamentos para devedores duvidosos (PDD), cobrança mais alta do mundo nas taxas de juros, caras tarifas e demissão imotivada dos trabalhadores foram algumas das denúncias feitas durante a caminhada.
“Nós queremos que os bancos, que são concessões públicas, respeitem a sociedade brasileira e cumpram com a sua responsabilidade social. Não é possível que o setor que mais lucra no país é o que menos cria postos de trabalho. Por isso, cobramos dos bancos que acabem com as demissões, baixem os juros e empreguem mais”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato, ao destacar que este ano foram gerados 1 milhão de novos postos de trabalho no Brasil, sendo que o setor financeiro contribuiu com apenas 0,2% desse crescimento.
Somente o Itaú, o Bradesco e o Santander lucraram juntos R$ 16 bilhões no primeiro semestre deste ano. Em contrapartida, o setor financeiro gerou apenas 2.350 postos formais de trabalho no período, o que representa expansão de 0,46% no emprego bancário. Se comparado com os primeiros seis meses do ano passado, houve redução de 80,40%, já que entre janeiro a junho de 2011 foram 11.978 novos postos.
Além disso, o setor continua abusando da rotatividade. No primeiro semestre, os bancos contrataram 23.336 empregados e desligaram 20.986. “A rotatividade rebaixa salários, é uma prática desleal com os trabalhadores que são os responsáveis pela geração da riqueza acumulada pelos bancos. Por isso, intensificaremos nesta campanha a cobrança por mais contratações, fim da rotatividade e das terceirizações e pela aprovação da Convenção 158 da OIT (que inibe dispensa imotivada)”, destacou a presidenta.
Itaú, feito para demitir
Funcionário do Itaú e diretor executivo do Sindicato, Daniel Reis, explicou a condição delicada a que ficaram expostos os bancários, após o banco dispensar 9 mil trabalhadores em um ano. “São milhares de pais e mães demitidos em nome da ganância e do lucro. O banco, além de praticar o assédio moral e explorar o trabalhador, causando adoecimento e insegurança, foi o que mais demitiu no último ano”, diz o dirigente, destacando que a direção do Itaú está na contramão da política empregada pelo governo federal de geração de empregos.
Negociações
Ao contrário do que foi dito pela Fenaban durante a primeira rodada de negociações, os bancários estão preocupados com o emprego sim. Foi o que explicou a presidenta do Sindicato, ao criticar o discurso que também afirma que as metas abusivas são “desafiadoras”. “Metas desafiadoras? Só se for para desafiar a saúde do trabalhador, que adoece cada vez mais em função da pressão. O estresse e a depressão viraram epidemia na categoria.”
Juvandia explica que o Comando Nacional dos Bancários trabalha para que a Campanha Nacional deste ano possa ser resolvida na mesa de negociação. “Cobramos responsabilidade e seriedade para que a campanha nacional seja resolvida sem que a categoria seja levada à greve.”
Jornal do Cliente
Na período da manhã desta segunda (13), dirigentes sindicais distribuíram nas saídas de estações de trem e do Metrô exemplares do Jornal do Cliente (clique aqui ), no qual é denunciado o processo de demissões na instituição financeira.