O sequestro de um bancário e sua família, ocorrido de domingo para segunda-feira, dias 28 e 29 de junho, em Angra dos Reis, foi desmentido pelo Real. O funcionário do banco e dirigente do Sindicato, Paulo Soares, foi informado por colegas de que haveria problemas com um bancário no Posto de Atendimento localizado dentro da Usina Nuclear. Mas, quando o Sindicato entrou em contato com a agência Praia Brava, à qual o PAB é subordinado, os funcionários, orientados pelo banco, informaram que se tratava de um “alarme falso”.
Desconfiados, os sindicalistas foram averiguar e descobriram que o sequestro estava em andamento. A esposa do bancário, uma caixa da agência Parati do Itaú, e seus colegas já estavam a par do ocorrido. Naquele momento, além dela, seus pais também estavam sob poder dos assaltantes.
Os assaltantes planejaram tudo com antecedência. Dois meses antes, alugaram uma casa que pertence à família e fica ao lado da residência do casal. Eles sabiam que ela é funcionária do Itaú, mas, no momento, o alvo era o PAB da usina.
A ação foi definida a partir da informação de que haveria pagamento de trabalhadores na segunda-feira. Os criminosos foram à casa do casal de bancários no início da noite de domingo para tomá-los como reféns e obrigar o funcionário do Real a entregar quase R$ 1 milhão que chegaria para pagar os ordenados dos empregados.
Os sogros do bancário, que estavam em companhia do genro e da filha, também foram levados. Os quatro foram mantidos presos numa favela em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, durante toda a madrugada.
Sem dinheiro
Pela manhã, o funcionário do Real foi levado de volta a Angra dos Reis e deixado num bairro próximo à usina, com instruções de como entregar o dinheiro. O bancário, ao chegar ao PAB, informou aos colegas do sequestro e a Delegacia de Roubos e Furtos foi acionada.
Os policiais fecharam o cerco sobre a quadrilha e, com a movimentação da polícia e o não pagamento do resgate, os reféns acabaram sendo libertados.
Assim que foi liberada pelos assaltantes, a bancária do Itaú ligou para a sua agência e seus colegas fizeram contato com a unidade do Real, informando da libertação dos reféns. Os companheiros de trabalho da bancária foram informados por parentes dela a respeito do sequestro.
A funcionária do Itaú e os pais foram para Angra, de onde foram conduzidos pela polícia, juntamente com o bancário do Real, até Pilares, no Rio de Janeiro, para prestar depoimento na DRF. Na segunda-feira à tarde, a polícia prendeu dois dos sete integrantes da quadrilha de seqüestradores.
No dia seguinte ao sequestro, o Real ofereceu ao bancário cinco dias de licença e a antecipação de suas férias. Ela, fortemente abalada, não voltou a contactar o Itaú, nem o banco a procurou.
O Sindicato exige que o Real faça a Comunicação de Acidente de Trabalho para o bancário e vai reivindicar que o Itaú faça o mesmo para a trabalhadora. “Já encaminhamos o caso ao Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da Baía da Ilha Grande, com sede em Angra dos Reis, para prestar o acompanhamento necessário ao casal”, informou o presidente do Sindicato, Jorge Valverde. Caso nenhum dos bancos emita CAT para os funcionários sequestrados, o Sindicato fará a emissão do documento.