O salário mínimo para manter uma família com dois adultos e duas crianças deveria ser de R$ 4.016,27, segundo o Dieese. O valor é quase cinco vezes maior que os atuais R$ 880. Para essa estimativa, foi utilizado como base o preço da cesta básica mais cara, que, em outubro, foi a de Porto Alegre (R$ 478,07), levando em consideração também as despesas da família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, que, conforme determina a Constituição, devem ser contempladas pelo salário mínimo.
Em outubro, o Dieese registrou alta da cesta em 13 cidades, as maiores ocorrendo em Florianópolis (5,85%), Vitória (3,19%), Porto Velho (2,18%) e Maceió (2,12%). As retrações foram observadas em outras 14, as mais expressivas foram em Brasília (-5,44%), Teresina (-1,77%), Palmas (-1,76%) e Salvador (-1,66%).
Segundo o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, a discrepância entre o valor sugerido e o real reafirma a necessidade de manutenção da política. Em comentário na Rádio Brasil Atual, na manhã desta terça-feora(8), ele afirmou que, com a economia em queda, essa política também fica comprometida, porque o índice de reajuste é definido pela inflação do ano anterior, mais a média do crescimento do PIB dos dois anos anteriores.
Segundo essa fórmula, para 2017 e 2018, Clemente prevê crescimento real zero para o salário mínimo, que pode voltar a crescer cerca de 1% em 2019, último ano de validade dessa regra. Ele afirma que medidas como a Proposta de Emenda à Constituição 55 devem impor restrições mais severas à valorização do mínimo, alargando ainda mais o foço entre o valor ideal e o real.