(Brasília) A Comissão de Empresa dos Funcionários reuniu-se nesta quinta-feira com a direção do Banco do Brasil em mais uma rodada das negociações permanentes. Desta vez, o encontro contou com a participação do diretor de Distribuição do banco, Milton Luciano, responsável pela rede de varejo.
“Conseguimos avançar em alguns pontos, mas também tivemos retrocessos em outros, como na questão das terceirizações”, comentou William Mendes, secretário de imprensa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e representante de São Paulo na Comissão de Empresa.
Assédio Moral
Logo no início das negociações, os bancários entregaram ao diretor do BB uma pilha de documentos com denúncias de Assédio Moral nos quatro cantos do Brasil. A Comissão de Empresa reuniu exemplos de gestores que perseguem e humilham seus funcionários por causa do famigerado programa de metas do banco chamado Sinergia.
“O Sinergia gera um acordo de trabalho entre o banco e cada dependência e seu resultado influencia no Módulo Bônus da PLR. Por causa desse programa, tem sobrado Assédio Moral por parte dos gestores em cima do funcionalismo”, afirmou Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa.
O diretor do BB, Milton Luciano, justificou que as metas do banco mudaram de dois anos para cá e seu foco hoje é voltado para o crédito. Assim, afirmou que o banco continuará com o Sinergia e com a “cobrança de performance”, pois a empresa precisa de um instrumento para medir o desempenho do funcionalismo.
Os representantes dos bancários rebateram que no caso do Banco do Brasil essa “cobrança de performance” tem sido sinônimo de Assédio Moral. “Não há dúvidas que o Sinergia aumentou o assédio dos gestores. Não basta ver os resultados do banco para confirmar o ótimo desempenho do funcionalismo?”, questionou Marcel.
A Comissão de Empresa exigiu do banco critérios objetivos de descomissionamentos, pois hoje os bancários perdem a comissão simplesmente por não cumprirem as absurdas metas.
Outra denúncia que os bancários levaram à direção do BB foi contra a própria Ouvidoria do banco, que estaria repassando as queixas que recebe para os gestores denunciados. A direção justificou que não se trata de repassar as denúncias, mas sim de ouvir o outro lado para apurar os fatos.
Os bancários perseguidos pelos gestores devem entrar em contato imediatamente com o seu sindicato.
Reestruturações e redução de custos
A Comissão de Empresa também questionou o diretor do BB sobre os boatos que dão conta do fechamento dos Nucac, os núcleos de análise de crédito. Milton Luciano garantiu que os Nucac não vão fechar e que não há, nem mesmo, um processo de redução desses núcleos. “Pelo contrário”, afirmou o diretor. Segundo ele, o banco tem feito estudos para valorizar os Nucac, inclusive para equiparar as comissões dos funcionários com os de outros setores do banco.
Outro ponto que o BB diz ter revisto é o das substituições. Após analisar casos como o do Gerel, Nucac, Nucon, Gecex – onde o andamento das atividades que têm relação com a rede de atendimento está prejudicado –, o banco disse que já autorizou as substituições com menos de quinze dias nesses locais.
Terceirizações
Os bancários também cobraram o fim do processo de terceirização do banco e ficaram frustrados com a resposta do diretor Milton Luciano. Segundo ele, o BB vai continuar com as terceirizações, inclusive na CABB (Central de Atendimento), onde a diretoria pretende trabalhar com apenas 20% de funcionários.
“Tínhamos um acordo de 2002 com o BB, em que ele se comprometia a ter dois terços de empregados na CABB. Mas o banco não reconhece este acordo e vamos ser obrigados a tomar providências”, explicou William Mendes.
O BB também afirmou que vai expandir de três para doze cidades o programa piloto de terceirizações dos serviços de caixa.
“Nós não concordamos com essa atitude do banco e vamos organizar o funcionalismo contra isso”, afirmou William.
PCS e Cassi
O Banco do Brasil continua enrolando quando o assunto é Plano de Cargos e Salários e a reestruturação da Cassi.
Sobre o PCS, a direção afirmou que ainda está “precificando” as contrapropostas apresentadas pelos bancários e que em breve vai sentar para debater com o movimento sindical.
Quanto ao projeto de reestruturação da Cassi, previsto em Acordo Coletivo, o banco prometeu apresentar suas propostas no próximo dia 15.
Fonte: Contraf-CUT