Bancários do Unibanco definem temas específicos

Remuneração, PCS e saúde tiveram destaque nas discussões

Rede de Comunicação dos Bancários
Júnior Barreto/Contraf-CUT

Após o encerramento da 10ª Conferência Nacional dos Bancários, foi a vez dos 830 delegados se reunirem para discutir as questões especificas de cada banco. Os temas decorrentes do Unibanco foram colocados em pauta na manhã desta segunda-feira, 28 de Julho. Remuneração, PCS, saúde e segurança e os fundos de pensão tiveram destaque nas discussões.

Outros problemas também foram evidenciados, como a questão do plano odontológico, perícia médica, falta de funcionários nas agências, o contrato de metas, doenças ocupacionais, entre outros.

A saúde do trabalhador bancário foi o primeiro tema a ser debatido, com as seguintes propostas:

– Prevenção e reabilitação
– Isonomia de direitos
– Jornada de 6 horas diárias
– Combater o assédio moral
– Respeito à cláusula 79 da CCT
– Cumprimento das normas de segurança

Prevenção e reabilitação

Estabelecer uma política de prevenção, que trate da ergonomia e que discuta a organização do trabalho no banco. Outro problema é a não emissão do CAT pelos bancos (Comunicação de Acidente de Trabalho), não levando em conta também o Nexo Técnico Epidemiológico. “Ele gera estatística e devemos cobrar sua aplicação”, diz Luciana Duarte, secretaria de Assuntos Socioeconômicos da Contraf/CUT e diretora do Sindicato de Belo Horizonte.

Foi proposto que haja uma melhor avaliação ao reabilitado, acompanhado por um médico do sindicato junto ao profissional do banco. Luciana lembra também que há muitos trabalhadores lesionados que são demitidos ao retornar para o banco, como aqueles com doenças crônicas (AIDS e câncer, por exemplo).

Perícia

O descaso com o bancário licenciado por doenças ocupacionais é confirmado nas perícias. O trabalhador recebe alta e a previdência o manda de volta para o banco, deixando-o sem respaldo algum. Muitos pedem demissão por conta da situação. Outro problema é visto junto ao posto prisma. O bancário que se licencia pelo posto do Unibanco, localizado no CAU, possui muitas vezes valores a receber pelo INSS que são maiores do que a remuneração que tem no banco, não sendo repassada a diferença dos valores ao trabalhador.

Também será realizada uma pesquisa para mapear quantos bancários existem na base da categoria. A semana de prevenção de doenças do trabalho, que será realizada pela Contraf/CUT, entre os dias 25 a 29 de agosto, também será utilizada para tratar de assuntos específicos do banco.

Segurança

Os tópicos ressaltados foram à inclusão de portas giratórias, as reformas que, durante sua execução, deixam agências mais vulneráveis e o problema de renovação das mobílias, já que há projetos apenas em alguns locais e não no país inteiro. Também foi ressaltada a falta de funcionários nas agencias – há unidades com apenas quatro funcionários.

Combate ao assédio moral

Há diretores que assediam moralmente os clientes que chegam à agência questionando o que eles desejam e terminam deslocando-os aos terminais de auto-atendimento quando não se trata da venda de nenhum produto.

Fim das metas abusivas

No Unibanco há um programa de metas chamado Catavento. Trata-se de uma planilha enviada aos gerentes com metas diárias. Ao final do mês, deve ser apresentado um relatório ao gerente geral da agência. Caso as metas não sejam cumpridas, o bancário é demitido, o que levou muitos trabalhadores a deixar o banco.

“O contrato de metas é o grande vilão do trabalhador”, diz Carlos Damarindo, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que acrescenta: “os trabalhadores no callcenter do Unibanco são os bancários que mais sofrem com este processo. O ITM se tornou um grande foco de bancários com doenças ocupacionais. São três mil funcionários. Além disso, à questão das perícias, os médicos dão alta para todo mundo. É preciso ter ética médica”.

Ressalta também uma pesquisa que há no portal do Unibanco sobre quem tem problema de saúde. “É marcar para ser demitido. O bancário responde a pesquisa e fica a um passo da demissão”, diz Carlos.

Entre os que deixam o banco, 70% dos bancários o fazem por conta própria, além de muitos outros que são demitidos por justa causa, recebendo cartas de advertência até culminar com a demissão.
Segundo Carlos, o diretor da central de atendimento, Fernando Malta, diz que o callcenter é porta de entrada ao banco, mas também pode ser de saída. “Lá se tem o maior índice de adoecimento mental entre as centrais”.

Plano de Cargos e Salários

O Unibanco possui 28 mil funcionários, sendo que 82% atuam com a carga horária de 8 horas. 30% dos bancários possuem uma remuneração abaixo da faixa 1, sofrendo prejuízos com a PLR, remuneração variável, entre outros.

Fundos de Pensão

Atualmente o Unibanco possui o UBB Prev, chamado de fundo inteligente. São 12 mil associados em todo o conglomerado. “Há apenas cinco anos este tema vem sendo discutido pelo movimento sindical no que se refere aos bancos privados”, diz Jair Alves, diretor da Fetec/SP.

Para ele, falta informação do investimento aos bancários, que tem dúvidas se é interessante ou não aderir. Para isto, será criado um seminário para aprofundar o tema entre os dirigentes sindicais, para que estejam prontos a discutir o tema com o trabalhador. Também será criada uma comissão eleitoral para debater o fundo de pensão.

Outra proposta é reavaliar a participação financeira no investimento. Atualmente, banco e trabalhador participam com aplicação de um mesmo valor, R$ 12,00.

Remuneração

O objetivo deste ano é atingir uma remuneração extra, de forma linear a todos os bancários, que será contemplada em uma minuta de reivindicações especificas, visando os acordos coletivos trabalhistas. Regulamentação de remuneração complementar linear será de 5%, sendo anualmente incorporada ao salário, com 1% ao ano.

Respeito à cláusula 79 da CCT

Intensificar a fiscalização no cumprimento da cláusula 79 da minuta. “Todo bancário demitido tem que passar por um exame demissional”, afirma a secretaria de Assuntos Socioeconômicos da Contraf/CUT e diretora do Sindicato de Belo Horizonte. “Os bancários estão sendo demitidos com exame periódico”.

Foi ressaltada também a isonomia de direitos entre os trabalhadores afastados e ativos e a dificuldade que o dirigente sindical possui em dialogar com o RH do banco.

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