Em assembleia histórica realizada na manhã do último sábado, dia 30 de abril, que lotou o salão de festas do Esporte Clube Banespa, em São Paulo, os participantes do Banesprev rejeitaram quase por unanimidade a proposta do Santander de contribuição extraodinária de funcionários na ativa e aposentados para cobrir o déficit do Plano II.
A nova cobrança, se fosse aprovada, dobraria o valor pago atualmente pelos trabalhadores da ativa e cobraria um valor dos aposentados. Com a rejeição, os banespianos ganharam mais tempo para negociar com banco, a Previc e o Ministério da Previdência.
As entidades sindicais e representativas dos banespianos agendaram um Encontro Nacional para o dia 2 de julho e a diretoria do Fundo de Pensão convocará nova assembleia dos participantes, a ser realizada no dia 26 de novembro.
“As entidades organizarão a luta para reduzir ou sanar o déficit. Essas iniciativas serão divulgadas a partir desta segunda-feira, dia 2 de maio”, anuncia o presidente da Afubesp e conselheiro deliberativo eleito do Banesprev, Paulo Salvador.
Os participantes reafirmaram mais uma vez a necessidade do Santander reconhecer e efetuar o aporte do chamado serviço passado ao Plano II. Essa dívida foi uma das ressalvas aprovadas na assembleia em relação à prestação de contas do exercício de 2010.
A outra ressalva se refere à mudança de método no cálculo de déficit do Plano V, que acaba por beneficiar o Santander, pois diminui o valor a ser aportado pela patrocinadora e causa insegurança nos banespianos. Também foi aprovada a previsão orçamentária para 2011.
“Com o lucro de R$ 2 bilhões obtido no primeiro trimestre de 2011, que representa um quarto do resultado mundial, o Santander não têm motivos para deixar de aportar o serviço passado e valorizar os funcionários e aposentados no Brasil”, afirmou o secretário de imprensa da Contraf-CUT e diretor da Afubesp, Ademir Wiederkehr.
O secretário-geral da Afubesp, José Reinaldo Martins, disse que é preciso pressionar o Santander a negociar a dívida. “Se preciso, buscaremos a Justiça.”
Já o diretor da Afubesp, Walter Oliveira, comentou outra medida que pode mudar todo o cenário no que diz respeito ao déficit: o fim do Fator Previdenciário. “Sua queda pode influenciar nos valores que o Banesprev irá complementar aos assistidos (aposentados), provocando redução no déficit. Isto porque, quando há aumento da quantia paga pelo INSS, os recursos desembolsados pelo fundo diminuem”, explicou.
É importante dizer que as chances de ocorrer mudanças no Fator Previdenciário são reais. Além da pressão da CUT e das demais centrais sindicais, a presidente Dilma Roussef já se mostrou disposta a discutir o tema.
Outro tema relevante foi abordado pelo presidente da Afubesp. Trata-se do chamado Efeito Cabesp – que empurra centenas de colegas da ativa a apressarem seus pedidos de aposentadoria. O enorme aumento de solicitações ocorreu em uma tentativa dos trabalhadores de evitar a demissão, o que lhe faria perder a assistência médica.
“Queremos negociar com o banco reivindicando a preservação da Cabesp já para os colegas que se aposentadorem só pelo INSS. Outra alternativa é convocarmos, por meio de abaixo-assinado, uma assembleia de reforma estatutária da Cabesp neste sentido”, aponta Paulo Salvador.
O Banesprev encerrou 2010 com cerca de 30 mil participantes, mais de R$ 9,7 bilhões em investimentos e folha de pagamento próxima a R$ 80 milhões mensais.