Financial Times
Patrick Jenkins e John Murray Brown, de Londres e Dublin
Os bancos irlandeses defrontam-se com uma descapitalização de até 32 bilhões de euros, disse ontem a agência regulamentadora para o setor no país e Ministério das Finanças, sendo que o governo irlandês está endividado em até três quartos desse montante.
O “buraco negro”, equivalente a cerca de 20% da produção econômica anual, é muito maior do que esperado. A dimensão do déficit veio à tona depois que o novo “banco ruim” do país – a Agência Nacional de Gestora de Ativos (Anga), anunciou a longamente aguardada aquisição de 16 bilhões de euros de créditos, em sua maior parte imobiliários, colocando-a no rumo de tornar-se a maior proprietária de imóveis na Irlanda. Mas a Anga pagou apenas ? 8,5 bilhões pelos créditos, aplicando-lhes um desconto muito maior do que o esperado, o que reflete sua má qualidade.
É generalizada a expectativa de que o governo irlandês, que já estatizou um banco, o Anglo Irish, terminará sendo o proprietário majoritário de todos os grandes bancos do país, com exceção do Banco da Irlanda.
Brian Lenihan, o ministro das Finanças, disse ao Parlamento que os bancos “tomaram decisões terríveis sobre empréstimos” durante os anos de expansão acelerada, embora ele tenha citado individualmente o Banco da Irlanda como sendo um raio de esperança com um “futuro forte”.
Mas até mesmo o Banco da Irlanda, que precisa levantar ? 2,66 bilhões em novo capital, como parte das exigências da agência regulamentadora de requisitos de capital, deverá acabar ficando como acionista controlador de quase 40% do banco, ante 16% hoje.
Analistas disseram que a Allied Irish, com um déficit de capital de ? 7,4 bilhões, em comparação com uma capitalização de mercado de apenas ? 1,2 bilhão, poderá acabar com mais de 70% de seu capital sob controle do governo.
Até ? 24 bilhões do déficit combinado de capital poderá, em algum momento, ter de ser financiado pelo governo, sendo que ? 8,3 bilhões daquele montante serão fornecido ao Anglo Irish nesta semana.