Com o tema uso e qualidade dos serviços financeiros, a terceira edição da Série Cidadania Financeira revelou que mais de 70% da população brasileira fazem uso frequente de uma conta bancária e a maioria (63%) já poupou ao menos uma vez. O excedente financeiro mensal é condição determinante na decisão de poupar. O estudo mostra ainda que, em geral, o brasileiro se diz satisfeito com o sistema de crédito disponível e com serviços e canais de atendimento oferecidos.
Segundo o diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania, Isaac Sidney, a pesquisa colaborará com a promoção da cidadania financeira, um dos objetivos estratégicos do Banco. “O BC tem avançado na mensuração, no monitoramento e na avaliação da inclusão financeira, a fim de obter diagnósticos precisos. Essa pesquisa pode nos auxiliar a alcançar o propósito de assegurar a inclusão financeira de milhões de brasileiros, através não só do acesso, mas também do efetivo uso dos serviços financeiros”, afirma.
A pesquisa foi realizada com uma amostra de 2.500 pessoas maiores de 15 anos, distribuídas proporcionalmente pelas regiões do Brasil, e buscou retratar a percepção dos usuários quanto ao seu relacionamento com os serviços financeiros. “Ouvir o cidadão contribui para validar ou refutar hipóteses formadas a partir das análises dos dados disponíveis de oferta, enriquecendo o cenário com que se trabalha ou mesmo abrindo caminhos para novas perspectivas”, explica Cristina Roriz, analista no Depef e uma das responsáveis técnicas pelo estudo.
A chefe do Depef, Elvira Cruvinel, ressalta a importância desse tipo de análise para o debate em torno da cidadania financeira. “Esse trabalho é fundamental para entendermos como o cidadão usa o sistema financeiro e o que fazer para aperfeiçoá-lo de forma que os produtos e serviços ofertados possam contribuir para o bem-estar financeiro da sociedade”.
A posse e o uso de contas bancárias, o planejamento financeiro e a poupança, o acesso ao crédito e aos canais de atendimento foram os principais temas avaliados. Durante as entrevistas, constatou-se que 40% da população havia tido acesso ao crédito nos doze meses anteriores. De acordo com José Ricardo Silva, analista do Depef e também responsável pela pesquisa, “ainda há muito a ser feito para ampliar o acesso ao crédito no sistema financeiro, uma vez que a pesquisa revela que desses, quase metade (54%) utilizaram instituições não financeiras”.
Com relação à poupança, a pesquisa indica que os brasileiros, em geral, poupam de maneira conservadora: 48% disseram utilizar depósitos em poupança em instituição financeira, e 45% guardam dinheiro sem buscar nenhuma rentabilidade, seja em casa ou em conta corrente. Ainda, 82% declararam que costumam planejar como gastam o dinheiro. A pesquisa mostra ainda que existe uma relação inversa entre o uso da conta-poupança e o nível de escolaridade. Cerca de 30% das pessoas que leem, mas não frequentaram escola, e das que têm ensino fundamental incompleto responderam que usam mais a conta-poupança, enquanto esse índice é de 10% nas respostas das pessoas com ensino superior completo ou pós-graduação.
Quanto à qualidade dos canais de atendimento, aproximadamente dois terços dos usuários que tiveram problemas e buscaram solução conseguiram resolvê-los. Um ponto interessante destacado pelo estudo é que apesar da grande diferença em termo de serviços utilizados e frequência de uso, não há variações significativas de satisfação com os serviços e atendimento ofertados entre os diferentes níveis de renda e escolaridade.
Utilização de contas bancárias
A pesquisa buscou, inicialmente, avaliar o percentual de famílias que têm conta-corrente e/ou conta-poupança ativas, sendo considerada ativa a conta que tenha pelo menos uma movimentação nos últimos seis meses. Segundo os dados da pesquisa, 72% dos respondentes – moradores responsáveis pelas contas da casa – têm conta em instituição financeira regulada (corrente e/ou poupança) ativa, dos quais 84% têm conta-corrente, 52% têm conta-poupança e 36% possuem ambos os tipos de conta. Os dados indicam também que 84% dos entrevistados têm ou já tiveram uma conta bancária (corrente e/ou poupança), ou seja, apenas 16% dos respondentes nunca tiveram conta. No entanto, 26% dos entrevistados que indicaram nunca ter tido conta informaram que havia um familiar ou morador no mesmo domicílio que possuía conta (4% dos respondentes).
Série Cidadania Financeira
A Série Cidadania Financeira trata-se de publicações que visam reunir e disseminar conhecimento desenvolvido no âmbito institucional sobre Cidadania Financeira – conceito que diz respeito a direitos e deveres relacionados à vida financeira do cidadão – e seus pilares: educação financeira, proteção ao consumidor de serviços financeiros e inclusão financeira da população. São apresentados trabalhos desenvolvidos por pesquisadores da instituição, em coautoria com colaboradores externos, assim como estudos e pesquisas realizados pelo Banco Central do Brasil.
A primeira edição, publicada em julho de 2015, tratou sobre o “Panorama do Microcrédito”, que revelou, por meio de números e indicadores sobre tomadores e concedentes de microcrédito no Brasil, a relevância desse mercado no país, e instigou novas análises sobre as formas de evolução do segmento. A segunda edição, de novembro de 2015, teve como tema “Educação Financeira funciona?”, que analisou o estudo Financial Literacy, Financial Education and Downstream Financial Behavior, realizado por Fernandes, Lynch Jr e Netemeyer (2014). Nesta análise, verifica-se quais insights, lições e implicações podem ser extraídos do estudo, de forma a contribuir para as políticas e ações de educação financeira desenvolvidas pelo Banco Central do Brasil. Para ler as publicações completas, acesse o site institucional do BC.