Diante da recusa em cima da hora da Febraban em participar, o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, Otávio Brito Lopes, cancelou a terceira reunião com dirigentes da Contraf-CUT, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes (CNTV) e Febraban, que estava marcada para ocorrer nesta quinta-feira, dia 10, às 14h, em Brasília, a fim de prosseguir o debate acerca dos problemas de insegurança no transporte de valores.
A mediação fora proposta pela CNTV, diante da ocorrência de mortes, feridos e traumatizados no abastecimento inseguro de caixas eletrônicos. A primeira reunião entre as partes aconteceu no dia 13 de outubro e a segunda, no dia 9 de novembro, quando a Febraban pediu um prazo de 30 dias para avaliar os documentos apresentados pelos bancários e vigilantes.
A Contraf-CUT e a CNTV protocolaram várias manifestações no MPT, apontando também a precariedade nas operações de embarque e desembarque de valores. As entidades propõem garagens exclusivas para a entrada dos carros-fortes nas agências. Outra denúncia foi a prática de vários bancos, especialmente no interior dos estados, que utilizam bancários para a tarefa de transportar numerário aos postos de atendimento, o que é ilegal.
O cancelamento da reunião foi comunicado por telefone para a Contraf-CUT nesta quarta-feira, dia 9, pelo assessor especial do procurador-geral, Clóvis Curado.
Febraban contraria premissas da nova logomarca
O secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, lamentou a decisão da Febraban de boicotar a reunião no MPT, que ocorre a menos de 15 dias depois que a entidade patronal anunciou a troca da sua logomarca, que teria custado R$ 2 milhões. Na ocasião, o diretor de Relações Institucionais, Mário Sérgio Vasconcelos, declarou para a imprensa que a Febraban está preocupada em construir uma imagem que passe a idéia de mais transparência e “maior disposição para o diálogo e compromisso com a comunidade”.
“Pelo jeito, a nova logomarca foi mesmo uma jogada de marketing, assim como os bancos fazem em relação à responsabilidade social”, salienta Ademir.
“Essa postura dos bancos interrompe o importante canal de diálogo aberto pelo procurador-geral para buscar soluções diante da falta de segurança que ronda as operações de transporte de valores”, avalia.
Trabalhadores reafirmam insegurança e cobram diálogo
Ademir observa que o boicote também ocorre após a contestação feita pelos bancários e vigilantes ao documento protocolado pela Febraban no MPT. Nele, a entidade dos banqueiros reconhece que “há agências que contam com apenas um vigilante”. Segundo a correspondência, “são pequenas agências, a maioria oriundas das antigas agências pioneiras, algumas delas com mais de 28 anos de existência”. Eles ainda alegam que “todas as agências têm seus planos de segurança bancária apresentados anualmente ao Departamento de Polícia Federal”.
“Além de confirmar a ilegalidade, a Febraban omite que existem centenas de agências pelo Brasil afora com dois vigilantes, mas que ficam com somente um no horário de almoço, o que deixa essas unidades vulneráveis durante um terço do expediente externo”, ressaltou o diretor da CNTV, Chico Vigilante. Os trabalhadores defendem o cumprimento da lei federal nº 7.102/83, que determina a presença de vigilantes em todas as agências.
Bancários e vigilantes também reivindicam a revogação imediata da Mensagem nº 12/09, da Polícia Federal, que possibilita a presença de apenas um trabalhador de segurança no horário de almoço, contrariando a legislação existente. “Que os bancos contratem mais um vigilante nas agências”, propõe o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Daniel Reis.
“Esperamos que uma nova reunião seja marcada pelo MPT para retomar o diálogo. Nós queremos abastecimento seguro dos caixas eletrônicos, operações com menor risco dos carros-fortes, proibição do transporte de numerário pelos bancários e nenhuma agência com apenas um vigilante, como forma de proteger a vida de trabalhadores e clientes”, enfatiza Ademir.