Primeiro, uma tentativa de enganar os bancários, convencendo-os de que a greve só duraria até às 11h e que, depois disso, poderiam entrar para trabalhar. Depois, uma desculpa para passar pelo piquete e sair para ir buscar os bancários. Estas foram duas mentiras contadas por gerentes de uma agência do Bradesco no Rio de Janeiro, na última sexta-feira.
Os bancos do centro da Tijuca, bairro mais rico da Zona Norte do Rio, não abriram na última sexta-feira (17), exceto por uma unidade do Bradesco. Logo no início do horário de atendimento, uma gerente se aproximou do piquete para “confirmar” se poderia abrir a agência às 11h. Os sindicalistas disseram que não, a ordem era ficar fechado o dia todo. Ela alegou que, nos dias anteriores, esta tinha sido a rotina. Os dirigentes sindicais que coordenavam os piquetes na área, de fato, se concentraram em manter outros bancos fechados, já que sabiam que, no Bradesco, é comum os gerentes dificultarem a ação sindical.
Depois de tentar contornar o piquete, a gerente chamou a polícia para forçar a abertura da unidade, mas os sindicalistas, de posse da liminar que dá aos sindicatos filiados à Federação do RJ – ES o direito de fazer greve, neutralizaram a ação dos PMs e mantiveram a agência fechada.
O piquete continuou montado no hall eletrônico e do lado de fora da agência, sempre com a presença de policiais. Os funcionários eram mantidos nas redondezas pelos gestores. A um dado momento, um gerente chegou à área do auto-atendimento alegando que faria a reposição dos envelopes para depósito e, aproveitando-se da boa-fé dos piqueteiros, saiu da agência. Pouco depois, ele voltou conduzindo os funcionários que estavam do lado de fora, alguns pela mão. Sentindo-se protegido pela presença dos PMs, ele constrangeu os empregados a entraram para trabalhar. A agência, então, acabou sendo aberta.
A diretora da Federação dos bancários do RJ – ES (Feeb RJ – ES) Leonice Costa fez um registro de denúncia junto aos policiais contra os gerentes da agência por desrespeitarem a ordem judicial definida na liminar. A coação dos funcionários foi filmada por um dos sindicalistas que estavam no local e a Federação deverá tomar as medidas jurídicas cabíveis para que o banco seja punido por não acatar a determinação da Justiça Trabalhista.