Ladrões já atacam clientes na saída de lotéricas em São Paulo

Ladrões que roubam casas lotéricas e aterrorizam clientes agora também têm seguido vítimas que saem desses estabelecimentos. Dos 210 ataques contra as lotéricas da capital e Grande São Paulo no ano passado, 71 foram de ‘saidinha’, quando a pessoa é abordada logo após deixar o local. Na capital, a zona sul é a que mais concentra esse crime, com 22 registros.

Os assaltos envolvendo saques em casa lotérica incluem até o chamado golpe do ‘boa noite, Cinderela’. Na zona leste, por exemplo, dois aposentados acabaram caindo na ‘armadilha’ de suspeitos que, após se passarem por amigos de bar, teriam dopado as vítimas e levado mais de R$ 4 mil em dinheiro.

Em um dos roubos, o assaltante se dizia vendedor de terras fora de São Paulo. Antes da abordagem, as duas pessoas haviam passado nas casas de aposta para sacar a aposentadoria.

O consultor de segurança Nilton Migdal explica que as lotéricas têm funcionado como uma extensão dos bancos, onde as pessoas fazem saques e pagam contas. Isso, segundo ele, tem despertado cada vez mais a atenção de bandidos, principalmente porque não existem seguranças armados como nos bancos.

A Caixa Econômica Federal informou que é permitido a seus correntistas fazer saques nas casas lotéricas de R$ 5 a R$ 1 mil. Além disso, também é possível receber benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e de programas como o Bolsa Família. Saques como o Fundo de Garantia e Seguro Desemprego também podem ser feitos em todo o País.

Medo

Em dezembro, uma dona de casa de 56 anos foi roubada quando deixava uma casa lotérica na região do Sacomã, na zona sul da capital. Segundo ela, R$ 300 e mais o cartão do PIS foram levados por um casal armado. Outros documentos relacionados ao INSS também foram levados. A ação durou pouco mais de dez segundos.

A gerente de uma lotérica da Rua Pamplona, nos Jardins, explica que os crimes são cada vez mais comuns. O estabelecimento em que trabalha foi assaltado três vezes em 2011. Dois casos ocorreram em um intervalo de 20 dias. Depois dos ataques, ela conta que o proprietário pensa em blindar o comércio e instalar lanças sobre os balcões de atendimento.

Segundo a gerente, há também outros tipos de golpes que chamam a atenção dos funcionários. ‘Já teve gente que chegou desesperada para depositar dinheiro durante aqueles trotes em que o ladrão fala que está com alguém da família.’ A dona de casa Marcia Pontes, de 52 anos, diz que agora evita ir a casas lotéricas. Ela pede que os filhos paguem as contas via internet. ‘Entrar em lotérica dá medo.’

Policiamento

A Assessoria de Imprensa da Polícia Militar do Estado de São Paulo informou que considera as proximidades de bancos e casas lotéricas como áreas de ‘interesse de segurança pública’. E destaca que mantém policiamento reforçado com o radiopatrulhamento, equipes de Força Tática e das Rondas Ostensivas com o Apoio de Motocicletas (Rocam).

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