Igualdade de Oportunidades com toda força em 2007

(São Paulo) Que Igualdade de Oportunidades e Responsabilidade Social são pautas presentes na agenda nacional, isso muita gente sabe. Afinal, não são raras as vezes que a grande mídia divulga investimentos e resultados do setor privado em ações ligadas aos temas. Poucas pessoas, entretanto, se atentam para o fato de empresas estarem se utilizando do marketing – “empresa politicamente correta” – sem ao menos chamar à discussão os principais interessados, os trabalhadores.

“Infelizmente, essa é uma realidade que vem sendo verificada dentro do setor financeiro há muitos anos”, afirma Maria Aparecida Antero (Cidinha), diretora-executiva da FETEC-SP ao lembrar que Igualdade de Oportunidades é um dos eixos da Campanha Nacional 2007.

Segundo a dirigente sindical, “os bancos tentam mostrar à sociedade que existe uma preocupação do sistema financeiro em contribuir com as questões sociais. Contudo, na prática o que percebemos é a manutenção de um sistema arcaico que privilegia alguns e exclui a maioria, sem investimentos condizentes com os lucros registrados pelo setor”, comenta.

Exemplo dessa distorção de informação pode ser encontrado no Relatório Social 2006, divulgado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) no primeiro semestre deste ano. Conforme o documento, uma das principais preocupações dos bancos, em relação ao seu público interno, seria a questão de eqüidade. No entanto, verifica-se que apenas 12,7% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres, mesmo sendo elas representantes de 47,7% da categoria.

“Tudo bem, os bancos podem alegar que essa disparidade existe em virtude da qualificação profissional, priorizada pelo empregador. Mas aí esbarramos em outra distorção, pois o mesmo documento mostra que 42,9% das bancárias têm ensino superior completo, enquanto apenas 38,8% dos bancários concluíram uma graduação”, destaca Cidinha.

A diretora da FETEC-SP reforça a importância de debater a Igualdade de Oportunidades entre todos os envolvidos no processo. “Questões econômicas são importantes, mas existem outras necessidades profissionais que precisam ser discutidas e solucionadas como, por exemplo, as questões de gênero e raça”, diz.

Cidinha ainda complementa: “voltamos a aprovar a Igualdade de Oportunidades como um dos eixos da Campanha Nacional Unificada porque continuamos vivenciando problemas dessa ordem nos ambientes de trabalho. E, mais do que bons discursos, precisamos de resultados efetivos”, ressalta.

A entrega da minuta com as reivindicações dos bancários para a Campanha Nacional 2007 a Fenaban está prevista para esta sexta-feira, dia 10, às 15h, em São Paulo.

Relembrando a história de luta
Essa reivindicação, entretanto, não é recente. Faz muitos anos que a categoria coloca sistematicamente em suas minutas vários artigos para garantir a igualdade de oportunidades dentro dos bancos.

Em 1999, o tema entrou pela primeira vez na minuta como eixo de campanha dos trabalhadores do ramo financeiro. A partir daí, o movimento sindical bancário começou a discutir com os diretores dos bancos problemas referentes à discriminação e desigualdade, vivenciados nos ambientes de trabalho. “Obviamente, os banqueiros negaram a existência de tais problemas, alegando que o setor apenas reproduzia uma questão social do país”, lembra a dirigente.

Em 2000, o movimento sindical realizou, em parceria com o Dieese, a pesquisa “Rosto dos Bancários”, na qual ficou evidente a existência de práticas discriminatórias, principalmente no que se refere às questões de gênero e raça. “Em Gênero verificou-se, basicamente, a diferença de cargos e salários entre homens e mulheres. Já em Raça, constatou-se uma completa falta de acessibilidade aos negros no mercado de trabalho bancário”, lembra.

O resultado da pesquisa e a ampliação das discussões sobre Igualdade de Oportunidades foram se confirmando enquanto tema pertinente à categoria. Reflexo disso foi a inclusão, em 2002, de uma Cláusula dentro da Convenção Coletiva dos Trabalhadores do Ramo Financeiro que instituía uma mesa temática sobre o assunto para deliberar planos de ação no setor bancário.

“Essa cláusula vem se renovando ano após ano, contudo, a mesa temática não tem obtido muitos avanços”, avalia Cidinha. Por fim, ela justifica: “desde que colocamos o tema em xeque, os bancos buscam implementar programas de diversidade, porém sem a participação do movimento sindical. Em outras palavras, eles ainda não compreenderam que não queremos investimentos e resultados impostos. Queremos, sim, discutir, acompanhar e aperfeiçoar os programas que dizem respeito a nós mesmos, como forma de atingir o equilíbrio no mercado de trabalho no ramo financeiro”, finaliza a diretora-executiva da FETEC-SP.

Principais temas da Campanha 2007
* Garantia de Emprego – Convenção 158 da OIT
* Fim do assédio moral/organizacional
* Fim das metas abusivas
* PLR maior
* Isonomia de Direitos entre novos e antigos bem como com afastados e licenciados
* Plano de Cargos e Salários para todos os bancos
* Piso do Dieese para a categoria
* Igualdade de Oportunidades
* Defesa e fortalecimento dos bancos públicos
* Redução dos juros e tarifas e ampliação do crédito produtivo

Fonte: Michele Amorim – Fetec SP

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