O ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) divulgou no último domingo (8) um projeto intitulado “SwissLeaks”. Trata-se de uma coleção de quase 60 mil arquivos que fornecem detalhes sobre mais de 100 mil clientes do HSBC e a movimentação de suas contas bancárias entre 1988 e 2007, que somam mais de US$ 100 bilhões em depósitos.
Os dados dessas contas foram vazados pelo ex-funcionário do HSBC Herve Falciani, que forneceu o material para as autoridades francesas em 2008. Em acordo com o ICIJ, o jornal Le Monde compartilhou o conteúdo com uma equipe de mais de 140 jornalistas de 45 países para explorar as informações e produzir um relatório em âmbito mundial.
Por muito tempo, grandes empresas e pessoas físicas se apoiaram sob as regras flexíveis de paraísos fiscais como Suíça e Luxemburgo, que também foi alvo de investigação dos jornalistas do ICIJ, com o vazamento de arquivos intitulados “LuxLeaks” em novembro de 2014, desestabilizando a Comissão Europeia.
Brasileiros
Conforme reportagem publicada nesta quarta-feira (11) da Opera Mundi, o material do ICIJ revela que há pelo menos 5.549 contas bancárias secretas de brasileiros (pessoas físicas ou jurídicas) na Suíça, totalizando um saldo de US$ 7 bilhões. De acordo com o “SwissLeaks”, as principais contas são do banqueiro Edmond J. Safra e da família Steinbruch.
Safra, morto em 1999, está vinculado a sete contas do HSBC: quatro abertas em 1988, duas em 1989 e uma em 1999. Juntas, somam US$ 5,3 milhões e ficaram sob o controle de sua esposa, Lily Safra, após a morte. Já entre a família Steinbruch, proprietária do grupo Vicunha de indústria têxtil, tiveram US$ 464 milhões em conta bancária na Suíça entre 2006 e 2007.
O jornalista do UOL Fernando Rodrigues entrou em contato com autoridades brasileiras no final do ano passado para saber se houve ilegalidade nessas operações ou se os valores foram declarados à Receita Federal do Brasil. As autoridades brasileiras ainda analisam os dados e os proprietários das contas não comentaram a questão.
Argentina
Os dados da “SwissLeaks” revelam também que o grupo de mídia Clarín lidera a lista de argentinos com fundos em Genebra não declarados pelas autoridades locais, com mais de US$ 100 milhões depositados no HSBC.
Nos arquivos, consta que o conglomerado midiático está à frente da lista de pelo menos 4.620 argentinos com contas na Suíça sem declarar, por pelo menos US$ 3,5 milhões. Segundo o veículo Tiempo Argentino, o Clarín alega que só soube da informação da segunda-feira (9).
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