Nenhum direito a menos – nossa luta é pela igualdade! A frase, escolhida para marcar este 8 de março, dia e mês das mulheres, não poderia ser mais abrangente. Se o gênero difere, idêntica é a luta por reconhecimento e respeito, a busca pela justiça e a construção de um País sem desigualdade.
Para que isso de fato ocorra, porém, é preciso começar da origem: exercitar a cada dia a igualdade entre homens e mulheres e acabar com o preconceito a partir de casa, dividindo tarefas e somando esforços para o florescimento de uma geração que privilegie o ser humano, independentemente de seu gênero, raça, opção sexual, etc.
Difícil, sim, mas plenamente possível. As mulheres conhecem bem as dificuldades dessa luta. Conquistaram os estudos, o mercado de trabalho e o respeito profissional, mas ainda ganham menos. Podem controlar a natalidade e devem ter o direito a tomar decisões sobre sua vida com autonomia, o que pressupõe o direito de decidir sobre o seu próprio corpo sem que seja criminalizada. Muitas vezes, se desejam ter filhos, sofrem com a falta de creches e, muitas vezes, sobre elas recai todo o trabalho da criação das crianças e organização da casa.
Apesar de avanços com a lei Maria da Penha, muitas ainda sofrem com a violência doméstica. Mesmo nos grandes centros urbanos, são ainda as meninas as principais vítimas do trabalho escravo e da exploração sexual.
Há um longo caminho na busca da igualdade de oportunidades e de direitos para as mulheres. Ele passa, necessariamente, pela distribuição de renda e valorização do trabalho, pela equiparação salarial para trabalho igual; redução da jornada sem cortes nos salários, ascensão a cargos de poder em todas as instâncias. Temos a primeira presidenta da República e nos orgulhamos dela, mas queremos que a alternância entre presidentas e presidentes seja a regra, não a exceção.
É necessário também a urgente implementação de políticas públicas voltadas para as mulheres, como creches; ampliação de direitos para as empregadas domésticas; saúde pública, universal, integral e laica, tendo como foco o acolhimento, o atendimento qualificado e o acesso aos serviços públicos numa rede integrada com atenção adequada em todos os níveis e com controle social.
São Paulo pode e deve ser protagonista do desenvolvimento econômico com base na renovação das suas estruturas produtivas, com políticas que promovam a justiça social e a geração de emprego e renda, atuando como provedor de serviços públicos universais e de qualidade, com bases sociais e ambientais sustentáveis.
Infelizmente, não é essa a política implantada pelo governo do Estado. Convivemos nas duas últimas décadas sob a hegemonia de governos neoliberais e o que vemos é o sucateamento da máquina pública, cujo resultado tem sido a piora nos serviços prestados à população, sobretudo para os de menor renda, no qual a maioria são mulheres. Portanto, são elas que mais sofrem com a total ausência de políticas públicas.
Igualdade de oportunidades e de direitos para um desenvolvimento sustentável, com distribuição de renda e valorização do trabalho. Uma luta de muitas frentes, a ser enfrentada por homens e mulheres que buscam um mundo melhor e sabem que a solidariedade e o companheirismo ainda são a melhor parte dessa caminhada.
Adi dos Santos Lima é presidente da CUT-SP
Sônia Auxiliadora Vasconcelos Silva é secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SP