A emoção marcou a festa de comemoração dos 30 anos do escritório do Rio de Janeiro do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos). O evento reuniu, no dia 25 de novembro, no auditório do Sindicato dos Bancários do Rio, novos e antigos dirigentes de diversas centrais sindicais e sindicatos, além de técnicos (economistas, estatísticos e sociólogos) do Departamento que assessora o movimento sindical desde 1955, quando foi criado em São Paulo. Foi um momento de encontro de antigos companheiros de várias posições políticas.
O mestre-de-cerimônias da festa foi o diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Renato Lima, reeleito coordenador-geral do Dieese Rio. “Nestes 54 anos o Dieese tem sido um instrumento importante. Através da sua assessoria conseguimos afirmar uma série de pontos de vista dos trabalhadores, fundamentando reivindicações de forma científica”, disse.
Ele lembrou que o Dieese do Rio teve também um papel político histórico. “O Dieese Rio foi fundado em plena ditadura militar, em 1979, pelos mais variados segmentos do movimento sindical, que, em torno dele, se uniram para organizar a luta por um projeto democrático para o país”.
Nas campanhas e nas greves
Diversos sindicalistas presentes foram homenageados por sua participação na fundação do Dieese Rio, entre eles o primeiro presidente da CUT/RJ Geraldo Cândido, o ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas e ex-deputado do PDT Carlos Alberto de Oliveira, o Caó, o ex-presidente do Sinttel e deputado estadual do PT Gilberto Palmares, o ex-presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Francisco Dal Pra e o ex-diretor do Sindicato dos Petroquímicos do Rio João Carlos, o Negão.
“O Dieese e seus técnicos são um importante patrimônio dos trabalhadores. A criação do escritório do Rio foi fundamental para que as várias categorias passassem a ter uma assessoria constante em suas campanhas salariais”, afirmou Geraldo Cândido.
Barreira contra a ditadura
O ex-presidente da Federação dos Metalúrgicos do Rio Francisco Dal Pra se emocionou ao lembrar que vários companheiros, em 1979, quando questionados pelos órgãos de repressão sobre o que faziam reunidos, diziam que estavam criando um departamento de estudos econômicos, o que era uma meia-verdade. “Reuniões eram proibidas naquela época. Estávamos construindo o Dieese mas também nos articulando para fortalecer a luta contra a ditadura. O Dieese, além de toda a importância técnica, nos serviu de blindagem”, rememorou o dirigente.
O ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Carlos Alberto de Oliveira, o Caó, acrescentou que o Dieese, pela qualificação de seu quadro técnico, ultrapassou os limites do movimento sindical, tendo assessorado o Congresso Nacional na elaboração de uma política salarial, cujo veto do presidente Sarney foi derrubado.
A diretora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil Sônia Latgé registrou que foi o Dieese que, em vários momentos, ajudou os sindicatos a denunciar expurgos inflacionários, com argumentos científicos. “O patrimônio do Dieese é o seu competentísssimo quadro técnico”, afirmou.
Entidade nacional
A técnica do Dieese Suzana Sohaschevsky frisou que, hoje, a entidade possui escritório em 18 estados, e uma equipe de mais de 60 técnicos. A diretora do Sindicato dos Bancários do Rio Vera Luiza Xavier emocionou-se ao fazer um agradecimento especial ao Dieese Rio pela luta vitoriosa da entidade contra a quebra da Previ Banerj. “Foi graças à assessoria do economista Henrique Jagger que estamos recebendo nossas aposentadorias e pensões”, disse.
Outros técnicos, como Ademir Figueiredo, Paulo Jagger e Jardel Leal estiveram presentes à comemoração (Ademar Mineiro participava de uma negociação). E também Cesar Augusto, Marcos Teles e Sonia Gonzaga, entre outros, que já não trabalharam no Departamento. Paulo Moutinho, já falecido, recebeu uma homenagem post mortem.