Recentes decisões conjuntas do Banco Central (BC) deixam claro o risco a que os bancos expõem os clientes quando repassam serviços eminentemente bancários a lotéricas, padarias, mercadinhos e açougues, os correspondentes bancários.
Trata-se de estabelecimentos autorizados a receber e pagar boletos, fazer propostas de abertura de conta corrente, poupança e cartão de crédito, entre outros serviços financeiros. Somam hoje 169 mil em todo o país, segundo dados do BC.
Por determinação do BC, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) está desenvolvendo formas de capacitar os profissionais contra lavagem de dinheiro, além de cursos de educação financeira, produtos, ética, técnica de negociação, riscos da atividade e sua mitigação, legislação e regulação e Código de Defesa do Consumidor. As informações foram publicadas no jornal Brasil Econômico.
“Esse tipo de medida deixa clara a complexidade dos serviços repassados aos correspondentes bancários. É muita responsabilidade nas mãos de funcionários de pequenos comércios, que não têm estrutura para lidar com esse tipo de serviço. É um grande risco não só para os clientes e para esses trabalhadores, mas para toda a sociedade”, alerta o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
A ABBC está estruturando uma certificação para os correspondentes equivalente àquela que a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) disponibiliza para os gerentes de bancos.
Os cursos (o primeiro será de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo) serão dados pela internet e atendem a uma legislação do Banco Central que determina esse tipo de formação para todos os funcionários diretos e terceirizados das instituições financeiras.
O curso mais amplo, que envolve riscos da atividade, está sendo estruturado pela Fundação Instituto de Administração (FIA), da Universidade de São Paulo, e estará pronto dentro de dois meses.
“O fenômeno do crescimento vertiginoso da quantidade de correspondentes por todo o país atendeu pura e simplesmente ao interesse dos bancos de lucrar cada vez mais, pois desta forma eles evitam a contratação de bancários e aumentam sua receita. Agora eles estão tentando consertar o que começou errado, deixando clara a irresponsabilidade de deixar a cargo de estabelecimentos comerciais de outra natureza a realização de serviços financeiros específicos, que só deveriam ser feitos dentro de agências bancárias”, ressalta o dirigente sindical.