(São Paulo) A Contraf-CUT intensificou uma luta para preservação dos empregos dos trabalhadores do ABN/Real, cuja venda para um grupo estrangeiro pode ocorrer até o início de outubro. O candidato que ofereceu a maior quantia em dinheiro é um consórcio liderado pelo banco Santander, que se tornaria assim o maior banco privado brasileiro, segundo projeção dos bancários. Internacionalmente, estão previstas de 19 mil a 22 mil demissões, segundo projeções feitas pelos próprios concorrentes à compra. Há 31 mil trabalhadores do ABN no Brasil.
A Confederação quer acelerar o processo de ratificação da convenção 158 da OIT – que inibe as demissões sem justa causa – e também garantir cláusulas que protejam os empregos caso a venda seja concluída.
Com estes objetivos, o presidente da Contraf-CUT, Vagner Freitas, e três representantes do coletivo ABN na Confederação, Gutemberg Oliveira, Marcelo Gonçalves e Deise Recoaro, reuniram-se na manhã desta quinta com o presidente da CUT Artur Henrique para elaborar ações. Decidiu-se pela realização de panfletagens em locais de grandes concentrações, atos em diferentes cidades e em Brasília (este para obter apoio no Congresso Nacional), intervenção junto a ministros e órgãos reguladores do sistema financeiro e também ação conjunta com entidades sindicais européias, já que os prováveis compradores são sediados no Velho Mundo.
“Existe o risco real e imediato de demissões, nossa maior preocupação nesse momento. Mas há uma questão de fundo que também precisa ser enfrentada: que tipo de sistema financeiro o governo federal pretende para o Brasil? Se a onda de fusões e aquisições se mantiver, teremos a concentração em mãos de poucos, e na maioria estrangeiros”, diz Vagner Freitas.
“Em países em que os direitos dos trabalhadores são mais respeitados, a venda de grandes empresas vem sempre acompanhada de cláusulas de manutenção do emprego e de salvaguardas para as economias locais. É assim inclusive na Holanda, em que o ABN é sediado, e no mercado europeu como um todo. Exigimos esse respeito aqui também”, afirma Artur Henrique.
Para os representantes do coletivo ABN, a magnitude dos lucros do banco no Brasil torna a hipótese de demissões um absurdo. “Quem tem lucro não tem por que demitir”, sustenta Deise. Nos últimos nove anos, o Santander e o ABN lucraram no Brasil, juntos, mais de R$ 15 bilhões, segundo a Contraf-CUT.
Como parte dessa luta, que não diz respeito apenas aos bancários do Real-ABN, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos ingressou ontem no Supremo Tribunal Federal com uma ação para que a Convenção 158 passe a ter efeito no Brasil.
Fonte: CUT